Aos poucos, abro os meus olhos. Sinto a claridade acuar minhas pupilas e logo em seguida uma dor forte percorrer minha cabeça. Por quanto tempo meus olhos permaneceram fechados? O que mudou, o que perdi? Quantas pessoas passaram? Quantos momentos se foram? Quantas oportunidades que não voltarão mais? Alguém me responda, por favor!
Havia vozes, eu sei, meus olhos estavam fechados, mas meus ouvidos não se absteram. Falavam-me da vida, falavam-me do tempo, do meu tempo, aquele que julgavam que eu estava a perder. Indicavam-me caminhos, me davam conselhos, segui alguns, mas, era difícil escolher outra rota sem nada ver. Era mais seguro percorrer a mesma estrada todos os dias, porque no escuro fez-se o instinto e eu não me perdia mais ali. Tudo me parecia certo, um vai e vem tão simples que eu me recusava a acreditar que o mundo existia além dali. Onde está minha certeza? Para onde foi a segurança que eu tinha no que estava a viver?
Não sei por onde recomeço, não sei nem se é possível recomeçar. Sinto falta de quando, criança, bastava estender as mãos que minha mãe vinha correndo me ajudar. Quem me ajuda agora? Quem estará ao meu lado, não me deixando cair? O mundo é tão diferente de como eu pensava, têm cores, muitas delas, feias, belas. Existe tanto, como pude ficar sem ver?
Aos poucos hei de me encontrar. Aos poucos os olhos vão se acostumar a claridade que os machuca, mas que me liberta desse meu sofrer. Aos poucos serei inteira, verdadeira, livre, feliz. Aos poucos me acho, aos poucos terei a vida que eu, mesmo sem saber, sempre quis.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
8 comentários:
Estive com os meus olhos fechados por muito tempo. Não pq eu não podia abri-los, mas pq eu me recusava a assim fazer. Era tão mais fácil, ficar em um mundo que eu bem conhecia, ao invés de enfrentar as sinuosas curvas dos caminhos ainda a serem desvendados. E as incertezas? E as inseguranças? Não havia quem me guiasse, senão essas minhas pernas. Não havia quem me segurasse, senão esses meus braços. Mas, chega uma hora que a gente precisa mesmo ir abrindo aos poucos os olhos, e, deixar que a luz também penetre neles. Pode ser que haja um pouco de dor. Pode ser que algumas lágrimas se façam frente a isso. Mas, também pode ser que nos encantemos com o que simplesmente estávamos deixando passar. E assim, por considerar que a vida é feita também de incertezas, medos, inseguranças, e, não somente bel prazeres e belas cores coloridas tingidas a luz de nossos olhos, é que vamos nos achando nela, exatamente como ela tb se acha em cada um de nós, para nunca mais nos abandonar.
Belo texto, Angel.
Abraços de um mortal ligeiramente sumido daqui.
Leo, há tanto a ser desvandado, vivido, sofrido, amado, o que for. Não vale a pena viver apenas na segurança, no comum, no que já conhecemos, arriscar é preciso, afinal, estamos aqui para descobrir, a nós mesmos e ao mundo. Quero a coragem para experimentar o novo, e a sabedoria para aprender com o passado. Viver é urgente, e ser feliz, também.
Que bom tê-lo aqui novamente... Você sabe a falta que me faz.
Abraços, leo!
Estarei sempre a ler essas tuas linhas, tu bem sabes. Tenho cá em minhas estranhas formas de pensar, e, de achar, que ao ler essas tuas linhas, estarei eu tb lendo um pouco desta tua alma.
Viva, arrisca-te! O rio precisa seguir seu curso, mesmo que haja fortes correntezas pelo caminho. A morosidade é danosa a alma e também aos corações humanos ou não.
Abraço, Angel!
:)
Abraços, leo.
Eu precisava ler algo assim. por esses dias, cai no desuso da descrença. Eu não quero, eu não devo e não posso cair. De repente, a vida transforma-se em um texto escrito em sânscrito e eu sei que somente eu posso decifrá-la, para isso é necessária muita luz, porque ninguém consegue compreender muitas coisas no escuro. Árdua tarefa, mas é nada mais que a vida acontecendo diante dos olhos.
Gostei imensamente do seu texto.
Nada como um sol após o outro.
Um beijo, Angel.
Ei, Jacque, sabe que ontem a noite, estava eu pensando que você tem andado ausente deste mundo virtual, e pensei que, ou poderia estar ocupada, ou não estaria muito bem. Infelizmente, temos aqui a segunda opção. Quis entrar no gmail, para te dar um "oi", mas não consegui, acho que tive uma queda de pressão ontem a noite, e só me lembro de acordar na cama hoje de manhã. Mas Jacque, não desista de você, nunca, não desista da vida, não desacredite no viver. Nesses momentos assim, um tanto confusos, tenho feito aquilo que você mesmo me aconselhou, tenho rezado. E quando a solidão deixa de ser amiga, busco aqueles que gostam de mim. Faça o mesmo, amiga Jacque, e tudo acaba bem...
Abraço carinhoso!
Que lindo, você escreve de maneira tão suave, gostoso de ler! (Neste momento, estou de olhos fechados, tem muitas coisas que não quero enxergar...)
Obrigada, Sandra! É sempre bom quando se identificam com o que escrevo. Fico feliz.
E entendo você, há coisas que são difíceis de enxergar, porque nos dão raiva, machucam, decepcionam. Mas estou tentando manter meus olhos abertos, por mais que "a claridade venha a machucar". Não sei se vou conseguir, mas ao menos tentar eu vou...
Siga seu coração, busque toda a coragem que tiver, e viva. O mais verdadeiramente que você puder. Sim, você, porque cada qual sabe de suas necessidades, limitações, vontades... não é mesmo? Boa sorte por ai, minha cara.
Abraços.
Postar um comentário