29 de fevereiro de 2012

À vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfa-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

(Florbela Espanca)

17 de fevereiro de 2012

E então...

... você percebe que sabe lidar melhor com a indiferença do que com o amor.

8 de fevereiro de 2012

Do passado...

Não sei por onde começar. Esse provavelmente não será um bom texto, não ficará bem escrito, não será entendido de imediato, e, como eu tenho certeza de que ele será longo, muitos não terão vontade de ler. E eu não os julgo, isso pode até ser bom, não sei.

Talvez se eu parasse de chorar já seria um bom começo. Ou talvez se eu escrevesse sobre o porque de estar chorando. Ou simplesmente escrevesse. Desabafasse. Porque um dia alguém me disse que escrever alivia as dores. E alivia mesmo, ele estava certo. Chorar e escrever. Chorar escrevendo, como agora. Novidade nenhuma, afinal a maioria dos meus textos foram escritos assim. Lágrimas e vinho tinto, é isso que está por trás de cada um dos meus textos.

Enfim, é preciso começar.

Hoje, por algum motivo, eu me sinto como há 11 anos atrás. Mais precisamente 11 anos e sete dias. Sim, eu sou boa com datas, mas isso não é algo de que eu me orgulhe, não neste caso. Hoje, como há 11 anos e sete dias, eu fui tomada pelo desespero, pela repulsa, pela tristeza de estar no lugar errado, na hora errada, com a pior pessoa desse mundo inteiro. Do meu mundo inteiro, pelo menos. Poucas pessoas sabem do que aconteceu, e são poucas porque já é ruim o suficiente lembrar as vezes, então imagina como é falar. E junte a isso a vergonha, a raiva, a culpa, a tristeza, junte a isso todos os piores sentimentos de que você já teve notícia. Acrescente o fato de que, quase sempre, eu me arrependo. Eu e essa minha mania idiota de acreditar nas pessoas, de apostar, eu devo ser a maior perdedora de apostas de todo o mundo. Pensando sobre isso eu só posso concluir que, das duas uma: ou escolho mal a quem falar ou eu não consigo me fazer entender, não consigo dar a real dimensão do que é isso na vida de uma pessoa, na vida de uma mulher, na minha vida. Acredito que só quem passou por isso vá, de verdade, saber o que é. E eu não quero que você saiba o que é. E acredito também que entre homens e mulheres, um homem será o que menos irá entender. Pode ouvir, pode ser solidário no momento, mas depois, já era. O fato é que oito pessoas sabem disso. Oito pessoas em 11 anos e sete dias. Você, que pacientemente chegou até esse ponto do texto, pode já ter uma idéia do que se trata, mas, acredite, você só está perto. E destas oito pessoas, apenas duas não fizeram eu me arrepender de ter falado a respeito. Dois em oito, é a estatística apontando o erro.

Porque se eu pudesse pedir uma coisa para essas pessoas, e afinal eu só preciso de uma mesmo, eu pediria respeito. Respeito por mim, respeito pela confiança por mim depositada, respeito pela minha história. Preciso dizer que não tive? E dai me sobra a alternativa de sempre, que é a única que eu tenho, diga-se de passagem, que é seguir em frente. É tentar esconder o passado (porque esquecer eu não conseguirei jamais) e rezar para que eu o encontre poucas vezes durante a minha vida.

E sempre tem alguém pra me mandar seguir em frente. Sempre tem alguém pra me mandar esquecer. Sempre tem alguém pra dizer que é preciso ser forte. E sempre tem alguém pra dizer que o importante é o presente. Sempre tem.

Acredite, eu sei. E isso é só um desabafo, acredite também. Porque se eu não tivesse feito exatamente isso tudo ai que sempre tem alguém pra dizer, eu não estaria aqui escrevendo esse texto, pode apostar.

Agora a pouco eu prometi a mim que nunca mais contarei aquela história, não porque eu não queira, porque, sabe, por mais que me doa falar, assim como escrever, alivia. Não contarei porque não é qualquer pessoa que esta preparada para lidar com ela. Não é qualquer um que esta pronto, ou disposto, para tal, para enxergar o que eu sou de verdade, ou melhor, o que eu não sou. Não é qualquer um que vai me ouvir e me entender a partir dai. E o pior, não é qualquer um que vai me respeitar por tudo isso.

(Mas, quem sabe um dia? Porque além da mania idota de acreditar, tem a mania idiota de ter esperanças... Talvez alguém como eu, me entenda. Alguém como nesse post aqui).

O fato é que estamos acostumados com o nosso mundo, e no nosso mundo são as nossas vontades que devem prevalecer. Nosso mundo, nosso umbigo, o nosso que na verdade não passa de um eu. Esta é a minha teoria, sinta-se a vontade para discordar, mas, saiba que foram necessários 11 anos, sete dias e seis pessoas para que eu formulasse algo assim. Eu diria que é estatisticamente confiável.

Obrigada por ter chegado até aqui.