27 de novembro de 2010

Dos versinhos que não deveriam ser escritos...

Quem gosta de ler, boa gente não é,
Ou é ruim da cabeça, ou é doente do pé.
Esta pessoa se do pé bom fosse,
Não estaria sábado à noite lendo um romance,
Estaria mesmo era no samba,
No meio de um bando gente bamba, “fazendo doce”.


Ass: A moça que ficou sábado a noite em casa, lendo um romance.

26 de novembro de 2010

Sobre o Rio de Janeiro...

Quando você assiste, em tempo real, uma cidade inteira sendo atormentada por traficantes, cai a ficha de que o problema não é só dos cariocas, dos fluminenses, o problema também é seu. É seu porque é o seu país, porque é a sua grana, suada, que vai direto para Brasília, todo santo mês, para que coisas assim não aconteçam. O problema é seu porque o Rio de Janeiro nada mais que o retrato do que a sua cidade será daqui alguns anos, se nada for feito. Daí eu fico aqui pensando... Não somos espectadores apenas do que acontece no Rio de Janeiro, somos espectadores de um país inteiro, de um país que cresce a cada ano, que melhora a cada ano, mas, muito mais na teoria que na prática. Não sei direito o que fazer para mudar tudo isso, admito. Só sei do que sinto neste momento e não consigo distinguir o que é pior, se o medo por tudo o que tenho assistido, ou se a vergonha por saber que este é o país que construímos, ou, que deixamos ser construído.

Não sou boa em textos assim, só queria mesmo deixar minha solidariedade aos amigos fluminenses, e aos que nem conheço também...

21 de novembro de 2010

Você, apenas...

Com o silêncio ergui meu muro, edifiquei minhas bases a custa de vazios e fiz morada sobre algumas dores. Não houve um só dia que eu não quisesse falar, que eu não quisesse mostrar o que havia ali dentro, que eu não desejasse quebrar o silêncio tal qual um cristal arremessado contra a parede. Mas eu tinha medo, não queria me desfazer do muro porque eu sabia, sabia exatamente, como era ficar exposta. E se entrassem sem serem permitidos? E se descobrissem meus segredos, se quisessem dividir meu terreno, se apossar dele? Eu não saberia o que fazer. Era mais segura a vida do lado de dentro, embora eu sentisse que não era plenamente feliz.

Certo dia você veio e me chamou à porta, foi paciente para esperar minha demora e não saiu dali enquanto eu não fui te receber. Nunca alguém esperou tanto, talvez por isso eu já não sentisse medo de você. Te permiti atravessar o muro do meu silêncio, te deixei entrar, conhecer, me ouvir. E aos poucos, você com a sua tranquilidade peculiar, me fez ignorar o que considerava ser o meu mal necessário, o silêncio onde mergulhei em busca de refúgio para nunca mais voltar.

Hoje iniciamos a reforma de onde moramos - sim, não é mais uma casa de um dono só -, trocamos a base por carinho e todo o resto ergueu-se sobre o nosso amor. Nunca houve um lugar tão bonito, e nunca mais eu soube o que é a dor.


Ainda bem - Vanessa da Matta

18 de novembro de 2010

Eventos Cotidianos - I

Me olhou brevemente e num gesto quase automático, me abraçou. Não sei se reparou em minhas olheiras mais acentuadas que o normal, ou nos meus olhos inchados de tanto chorar. Se reparou nada disse, e por aqui o que não é dito não existe, e se não existe não há razão alguma para se preocupar.


Knockin' on heaven's door - Bob Dylan

14 de novembro de 2010

Só pra desabafar...

Tenho evitado postar aqui. Não sou nenhuma escritora, sou a maior das amadoras e por isso só consigo transformar em texto o que sinto naquele momento. Se estou triste não sei falar de felicidade, as palavras bonitas fogem, as frases não fazem sentido, o texto não sai. Então evito. Evito porque haveriam aqui apenas textos tristes, textos de alguém que simplesmente se cansou, que anda sem graça, sem jeito, sem vida. E ninguém quer ou merece ficar lendo algo assim.

Os dias agora passam mecanicamente, criou-se a rotina, sair da cama de manhã, quando o relógio desperta, já não é algo automático, é pensado, mastigado, e sempre difícil de engolir. Trabalhar nunca é bom, ninguém o faria se pudesse, mas, nunca me foi assim tão difícil. Aliás... foi sim, anos atrás quando eu trabalhava 12 horas por dia, 7 dias da semana, e já não suportava o cansaço físico e mental. Mas agora não é assim, não são tantas horas, nem tantos dias, então... por quê? Não sei. Minha família esta ocupada demais com seus próprios problemas, e eu não os culpo, afinal, estou aqui sem fazer nada de efetivo por eles, por que estariam eles aqui, fazendo algo por mim? Por isso não falo, me reservo ao direito de ficar calada, e sabe, é fácil ficar em silêncio quando não há ninguém disposto a te ouvir.

Os amigos estão ai, acho eu que prontos a me emprestar seus ouvidos, dar um abraço e dizer que tudo vai melhorar, mas então, por que não os busco? Não sei. Só sei que me perdi por ai, em algum ponto desse caminho torto que escolhi trilhar. Me perdi, fiquei, porque simplesmente não aguentei mais carregar a minha bagagem. Sou fraca? Devo ser. Pela primeira vez, em 27 anos de uma vida estranha, me dei ao direito de ser fraca, de ter problemas, de ficar triste, de remoer o que a vida me tirou, remoer o quanto as pessoas foram cretinas comigo. Minha infância, meu pai, meu filho, meu amor... O que não me foi tirado me deixou com uma facilidade que faz doer. Chego a pensar que o meu destino é esse, acordar sozinha aos domingos, casa em silêncio, peito apertado, e uma imensa vontade de sumir...


Glitter in the air - Pink

7 de novembro de 2010

Talvez

Talvez a vida seja mais que uma sequência de dias, de horas mal resolvidas e minutos que custam a passar. Talvez tenha lá os seus motivos, ou talvez o nosso único motivo seja viver, sem destino algum, sem conceitos ou pré-conceitos, aprendizados ou dívidas a pagar. Talvez a vida seja as lembranças que teimam, ou o futuro que ladra, quase morde, e mete medo de tão imprevisível que é.

Talvez seja os suspiros, os beijos, o número de vezes que o coração acelerou descompassado ao sentir o cheiro, ao perceber o toque, ou ao honrar seu título de “involuntário” e se apaixonar quando a gente menos esperava. Mas, eu não ficaria surpresa se forem as dores, as ausências, a angústia de perder alguém que daquele momento em diante só existirá em sonho, em retratos, naqueles momentos bobos, despretensiosos, que vivem na memória.

Talvez sejam os textos, ou a falta deles. E sendo falta, seria o silêncio, o vazio, o oco, o fosco, o preto, o cinza, e, afinal, por que a vida haveria de ser colorida? Quem foi que disse que a felicidade é uma cor?

Só posso dizer que neste momento, neste minuto exato, a minha vida é a falta que sinto do meu amor, das palavras perfeitamente colocadas, do carinho, da certeza. Amor que não tem nome, endereço, não tem um rosto, não existe é só... uma miragem. Mas, talvez isso passe amanhã, e se resolva, e eu esqueça, e não pense nele nunca mais. Porque a vida pode ser mais que alguns momentos, deve ser mais que uma pessoa, e um pouco menos do que achamos que é. Mas, só talvez.


I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy - U2