26 de fevereiro de 2013

Dos textos...

Queria que a escrita fosse um recomeço, que as palavras encerrassem ciclos ao mesmo tempo que um novo livro se abrisse em branco. Mas as palavras nada mais são do que um desabafo, o pouco do que consigo juntar da minha mente enlouquecida sem que perca-se o sentido do texto. Sempre que preciso de paz é aqui que eu venho, este que é meu mais íntimo refúgio, tão distante e tão perto do mundo em que me vejo. Sempre que venho aqui entrego lágrimas, sonhos, tristezas, dores ou angústias, tudo regado a uns goles de vinho tinto. E hoje é no silêncio que escrevo, ouvindo coração e alma chorando baixinho. Talvez um dia eu me lembre deste exato momento, do vento sibilando em minha janela e os trovões abafados ao fundo. Talvez um dia eu lembre deste texto escrito em meio a tristeza e o vazio e, não mais dependente da escrita, pense: mal sabia eu que o silêncio sim, é um recomeço.

4 de fevereiro de 2013

De mais um fracasso...

Penso que o encontro de duas pessoas demande ao universo toda uma sequência de atos ou mesmo de abstenções. Para que o olhar dele finalmente encontre o dela, me parece provável que duas vidas inteiras sejam arquitetadas minimamente, com toda a riqueza de detalhes, como os dois quadros mais preciosos de uma obra de arte. E assim, quando o encontro e o desencontro coexistem no mesmo espaço-tempo, algo no universo se perde, não se transforma, apenas morre e da lugar ao vazio de uma história que não vingou. E mesmo que não exista um início e um meio, o fim é igualmente doloroso e verdadeiro. Dois seres reféns de um passado carente de presente, órfão de futuro, de mãos dadas ao ponto final que selará para sempre o destino dos dois. E quem irá saber se seria verdadeiro? E quem poderá dizer o que podia ser feito, a quem caberia o próximo passo ou o recuo? Não há respostas a nenhuma das perguntas, mas é melhor assim, antes prematuro do que doloroso, antes o nada que a dor.

11 de janeiro de 2013

Do que é torto...

A minha conta nunca fecha. Os sinais se repetem, os números não se entendem e o resultado é sempre um conjunto de falhas, um erro, em excedente de algo que sequer existiu. Eu não suporto ver tanto desequilíbrio nesta minha balança, a minha vida não pode ser assim, tão assimétrica, tão disforme. E sequer tenho a quem recorrer... Não tenho direito de pedir aos céus que me governem, muito menos que olhem pela felicidade que eu julgo merecer. Sou a mais errada entre os humanos, cometi crimes que uma vida inteira de dor não me faria pagar. Então o que me resta? Espero pelo conserto do que já nasceu quebrado? Me acostumo com a triste visão e o nada poder fazer? E se meu peito se fechar pela tristeza que já me ocupa os pulmões e me priva o ar? Embora muitas vezes me pareça um atalho mais digno o querer morrer... Não posso, eu hei de lutar! Mesmo sozinha, me darei as mãos que me ajudarão a levantar. Essa vida tão torta, tão cheia de arestas a acertar, não pode ser mais forte que meu desejo de vencer... Não pode. E jamais poderá.