25 de setembro de 2012

De você, pai...

E se você tivesse feito o seu papel? Se aparecesse nos aniversários, me buscasse na escola, se me olhasse a noite para saber se eu estava com febre, se tivesse me ensinado a gostar de futebol e me falado sobre como meninos são... meninos. E se você tivesse sido carinhoso, se naquele dia em que nos conhecemos tivesse ao menos me olhado com doçura, se tivesse atendido minhas ligações, se tivesse sido ao menos educado... Será que eu seria a mesma pessoa? Porque eu já não sei se o que sou é a verdade ou o resultado do que você criou. E hoje, anos depois da sua suposta redenção, eu ainda choro o mesmo choro de quando eu tinha apenas 5 anos de idade e vi você atravessando a rua ao me ver. Te perdoei, pai... Mas agora eu sei que foi da boca pra fora. E nem é por mal ou qualquer outra coisa, é simplesmente porque aqui dentro, na ausência de sentimentos, o perdão sequer existe.

23 de setembro de 2012

Do que sou sem você...

Tento me apegar a idéia do impossível, do improvável, do que foi sem jamais ter sido. Tento ignorar sua presença me iludindo, contando histórias de que ninguém é feliz para sempre, de que o amor é um caminho tortuoso e difícil e de que jamais seríamos únicos em nós mesmos. Tento não planejar o futuro, tento ignorar o presente pintando-o com as cores do passado. As lições que a vida nos ensina devem ser praticadas e não esquecidas, mas é tão difícil não esquecer quando você está por perto... Sofro com a dúvida de não ser a única, choro com a possibilidade de sequer ser lembrada. Nas palavras que você omite estão todas as minhas certezas, é no seu silêncio que desmorona meu alicerce. Reservo meu sentimento ao passar dos dias... em breve cairemos no esquecimento. Ao som de Someone Like You - Adele

21 de setembro de 2012

O meu, e só meu

Há muito eu necessito disto, deste isolamento, deste encontro de mim em meio a tudo que já não sou. Não estou na imagem do espelho, não me reconheço em meus olhos e não caibo mais em mim. O que começa agora é a busca pela paz do corpo, e para isso talvez eu perca um pouco de alma...
Texto escrito dia 16/09, em Portugal: Essa noite sonhei com você. Um sonho que não se explica pois há muito não te trago aos meus pensamentos. Te esqueci por muitas luas, até que os deuses te trouxessem novamente para junto de mim. Dizem que nos sonhos as almas se encontram, se for assim essa manhã você também acordará com minha imagem gravada na tua memória. Nunca nos vemos, mas de alguma forma hoje, agora, sinto que você é importante para mim. E lembrando o motivo torpe que nos afastou, o orgulho de ambos que nos mantém distantes, só me resta lamentar pelo que não vivemos. E então choro pensando no que não foi, no pedaço meu que posso nunca mais reaver. Ao som de Don't know why - Norah Jones