28 de setembro de 2011

Desabafo

De todos esses meus relacionamentos frustrados, se há algo de que eu me lembro tão bem, é deste gosto amargo na boca, do estômago embrulhado, de ficar engasgada sem pronunciar nada, do coração apertando o peito e acelerando todas as vezes que sinto essa vontade de chorar. Estes são os sintomas de uma sensação que sempre tive ao final de cada um deles: A forte impressão de que eu não valho o mínimo esforço, de não valer qualquer espera, de ser vencida por algum período que exija certo distanciamento físico ou por quilômetros que acabam se tornando longos demais, difíceis demais, pelo trabalho que é sempre mais importante, por outra pessoa que, de alguma maneira, é melhor que eu. Enfim.... No final eu sempre sinto que não sou boa o bastante. E veja bem, eu sinto, mas racionalmente sei que isso não é verdade, ou que, pelo menos um dia, em algum momento no futuro, com alguém em específico, não será.

Um conhecido com quem, infelizmente, não tenho mais contato me disse certa vez: "Tudo o que precisamos é de uma única pessoa, apenas uma, você consegue perceber? Uma única chance, um único encontro, e lá estará ela, a pessoa que fará tudo, inclusive cada lágrima, ter valido a pena.". Sabe, Ricardo, eu não sei exatamente (e nem quero saber) o quão utópico é isso que você me disse, mas, eu espero mesmo que você esteja certo, ou melhor, eu acredito que você esteja. Mesmo que para acreditar nisso eu tenha que continuar sofrendo, me decepcionando. E acreditando eu penso que, ao contrário do que essa sensação me faz sentir, eu sou sim boa o bastante, e valerei muitos esforços... para a pessoa certa. E eu vou torcer, todos os dias da minha vida, para que eu tenha a sorte de encontrá-lo, e que ele, finalmente, me faça sentir segura, importante, em paz.

E de antemão eu prometo a você, pessoa que ainda não está aqui, que eu continuarei dando o meu melhor, para que quando nos encontrarmos sejamos capazes de nos reconhecer, e que você queira sempre ficar, e que eu, tenha a felicidade de nunca te perder.


Time after time - Norah Jones

18 de setembro de 2011

O caminho

Quando dou por mim estou percorrendo o mesmo caminho. A paisagem tão conhecida, o horizonte claro como água e a brisa morna, eu já estive aqui e sei que esta aparente tranquilidade é um convite para continuar. Pode ser que, desta vez, em algum lugar a frente, eu encontre um desvio, uma nova rota que eu não tenha percebido da última vez, que me conduza a um novo destino. Caso contrário, o rumo é o mesmo, as consequências são as mesmas, a mesma sensação de não ter feito o bastante, de não ter sido suficiente por mais que eu tenha me esforçado. Paro e sento a beira da estrada por alguns instantes. Penso... E é impossível não chorar. Olho para trás e percebo que voltar já não é uma opção, e que agora só me resta seguir em frente. Uma pergunta me congela a espinha e me revira o estômago como se o tivessem esmurrado...

Quantas vezes mais eu terei que passar por aqui?


Clocks - Coldplay

9 de setembro de 2011

Quanto tempo eu perdi?

Me desculpe se eu perdi alguns sonhos, mas eu estava ocupada demais contando as batidas de um coração descompassado pelo amor que acabara de nascer. Não me culpe por não compreender as ambições do dia, por não reconhecer as necessidades do corpo, descanso é uma palavra que talvez eu nunca vá aprender, e não é que eu não queira, eu só duvido que ela se encaixe em alguma parte de mim. O que me acomete são os desejos, os mais secretos e obscuros, aqueles que ficam guardados em caixas grandiosas com uma placa que diz "Cuidado, não se aproxime! Você pode não aguentar". Eu me refiro às vontades da alma, da força que impulsiona o corpo, aquela que escraviza minhas noites e me obriga a ouvir seus anseios. Então, o que me resta é cumprir essa sina, olhos vermelhos, cansaço estampado na face, sem nunca fraquejar. E é assim que eu me armo de toda tristeza, me construo durante as madrugadas para, sem entender por quê, me destruir por completo ao amanhecer.

Porque o dia são os cacos, a noite sim é a minha obra-prima.


Fortunate Son - Creedence Clearwater Revival

7 de setembro de 2011

Talvez...

Em dos primeiros epísodios de Dexter, acho até que foi exatamente no primeiro, ele fala sobre Rita, sua namorada, e diz "she is perfect because Rita is, in her own way, as damaged as me". E isso me faz pensar qua talvez haja danos irreparáveis, machucados que nunca cicatrizem e memórias que jamais se apaguem, mas, talvez, tudo isso torne-se tão suportável, que até agrade...

Mas, só talvez.


Make you feel my love - Adele

4 de setembro de 2011

Só porque eu precisava dizer...

Quando decidi sair de Goiânia na esperança de que as coisas se ajeitassem, ouvi de alguém a seguinte frase: o problema não está onde você mora, o problema está dentro de você.
E então eu senti um medo enorme de dar um passo tão importante e, só depois, descobrir que era verdade o que me foi dito. Foi a primeira vez na vida que eu tive medo de mudar e enfrentar o desconhecido. Porque sabe aquela história de que nada é tão ruim que não possa ficar pior? Pois é. Mas, ao contrário disso, São Paulo foi generosa, e apesar de instável e tantas vezes mau humorada, me recebeu com um carinho que Goiânia já não me dedicava mais. Ainda tenho muito a descobrir aqui, ainda faltam pessoas, lugares, ainda me falta uma parte que só o tempo poderá me dar. E eu resumo essa certeza quando vou até a sacada do meu apartamento com uma xícara de café, sinto o vento frio em meu rosto e me sento para observar as tantas luzes que enfeitam a cidade que me acolheu. Essa cidade agora é minha, e eu não tenho dúvidas de que estou exatamente onde deveria estar.


Say - John Mayer