28 de agosto de 2010

De quando eu ainda contava...

Eis um texto meu postado em outro blog, no qual não participo mais. Acordei pensando nele (no texto) e, de alguma maneira, apesar de todo o resto, ele hoje me resume muito bem...

Eu hoje escreveria um lindo texto se, entre as palavras e eu, não houvesse você. Eu encheria o verso de rimas e o poema de versos, e reduziria a vida a uma bela história desenhada sobre o papel, eu plantaria prosa e colheria sonhos, e na imensidão do meu vazio eu viveria perfeitamente a realidade da minha ilusão. Mas você, amor, não cabe em uma inspiração, você é palavra que não se escreve, adjetivo que não se encaixa, é o pretérito imperfeito de um verbo que não tem conjugação. Como fazer de você um texto se nem nos meus melhores textos você ganhou uma definição? Eu sou uma simples sonhadora, amor, tenho inveja de Vinícius e de Florbela na mesma proporção, rimo fácil amor com dor, mas não sei rimar a falta sua que me aperta o peito, me rouba as palavras e como uma adaga, parte ao meio o meu coração.

23 de agosto de 2010

Agonia

Meu coração se entregou ao tempo, não resistiu ao amor que morreu e lhe deixou a saudade como herança. Enlouqueceu diante dos fatos, parou por alguns segundos, mas, foi obrigado a ter esperança. Maldito corpo que lhe governa! Maldita vida que pede outra chance! Agora vaga sozinho e se alimenta das sobras de quem esbanja o sentimento, embora, vez outra, para não morrer de fome, precise se sustentar de lembranças. “Siga em frente”, avisa a mente, o tempo é curto e eu preciso viver. Ele, involuntário, sabe que não há escolha, senão bater...

Broken - Evanescence

21 de agosto de 2010

Do amor que sentimos...

Todos temos aquela história de amor para contar, é o nosso conto de fadas as avessas, de princesas que já não esperam mais e de príncipes que abandonam suas princesas. Não conheço você, nada sei da sua vida, mas tenho aqui comigo uma certeza, você ama ou já amou demais, exageradamente, tanto quanto eu, um alguém que amou e sofreu, na mesma intensidade. Mas, sem saber por que, sem conseguir expressar até, muitos não se arrependem, nem por um segundo sequer...

When it hurts so bad – Lauryn Hill

15 de agosto de 2010

Apenas hoje...

Hoje qualquer palavra vira verso, ainda que o amor me abandone, eu morra de fome, e ressuscite do avesso. Mesmo que eu não sorria, nem sinta tristeza, mesmo que a dor não esteja sentada a minha mesa, ainda sim, haverá poesia, embora vazia, oca, de rimas tristes me beijando a boca. Porque na saudade que eu já não sinto, na beleza que eu já nem vejo, é lá, exatamente lá, que mora o meu texto. Hoje haverá versos, vinho tinto, pés no chão, haverá um infinito de estrelas, uma lua cheia e uma dúzia de sentimentos desenhados a mão.

Read my mind - The Killers

12 de agosto de 2010

Quando sonhos se tornam realidade.

Tocava um rock’n roll das antigas enquanto eu caminhava apressada. Eu via listras no meu vestido, um casaco azul e comprido, cabelos soltos, o rosto colorido, nem me reconheci! O vento gelado cortava a pouca pele desnuda, a água que atravessava a fonte no meio da praça, as moedas jogadas e os seus desejos, os pássaros, as pessoas, as ruas que, uma a uma, ficavam para trás... Era tudo tão intenso, como um fá sustenido ou uma centena elevada ao quadrado sem alguma subtração, algo assim. E quanto mais o mundo vibrava, mais tranquila eu me sentia, e caminhava, e queria, e você já não existia, e a vida me pareceu tão mais feliz assim...

Neste momento tocou o despertador, “que sonho estranho”, pensei, “ainda bem que acabou”. Ainda bem? Olhei para o meu lado direito e dei de cara com o desamor, de olhos fechados, sono tranquilo. Não faz sentido. Vou inventar uma dor de cabeça, vou faltar ao trabalho, umas roupas aqui, outras ali, uma mala, talvez? Vou escrever um bilhete, meia dúzia de palavras, e sairei no mesmo silêncio que agora ronda nosso suposto amor. Fique ai dormindo, querido, afinal, o teu sonho apenas começou, já o meu não... o meu se realizou.


Ray of light - Madonna

8 de agosto de 2010

Saudades... Mas, de quem?*

Acordo de manhã e não penso em ninguém. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, talvez porque, neste exato momento, ninguém pense em mim também. É estranho não ter de quem lembrar nem planos a fazer, assim como é estranho, e incômodo, não ser importante para alguém. Uma parte, que não é minha, faz falta dentro de mim, talvez nos olhos, já que o mundo desbotou, ou nos lábios, que já não pronunciam palavras de amor, mas, o mais certo é que falte no peito, lado esquerdo, onde agora bate um coração que há muito se isolou. Dizem que tudo vem a seu tempo, e eu sinto que esta é a hora certa, mas, quem devia ter vindo, ou não vem mais, ou se atrasou...

* o título foi adaptado de Neurastenia - Florbela Espanca.

Clocks - Coldplay

5 de agosto de 2010

Simples, como deve ser qualquer desabafo...

Foram dezenas de textos até chegar a este que, provavelmente, continuará a dizer nada sobre coisa alguma. Estas linhas devem ser a tradução exata do que se tornou a minha vida, nada além de um emaranhado de letras (pessoas) e rimas (fatos) que já não controlo, se é que um dia eu controlei. Não sou tão forte como eu pensava, não tenho o mundo ao meu dispor, e não sei o que dói mais, se é saber disso ou se é olhar no espelho e enxergar o que me tornei. Mas, veja bem, não me refiro a nada físico, porque não é o meu corpo que tem algo a dizer, mas sim, a alma, e é ela que salta aos meus olhos e grita enfurecida pelos danos que lhe causei.

Sim, fui eu, e ninguém mais pode ser responsabilizado pelos caminhos que escolhi. Foi fácil, foi (muito) cômodo culpar outras pessoas, dar seus nomes aos meus problemas como se cada uma delas tivesse me obrigado a vivê-los. Não digo que nenhum destes indivíduos foi de todo inocente, pelo contrário, não estou, exatamente, redimindo ninguém, e acho, mesmo, que cada uma dessas pessoas, que infelizmente cruzaram o meu caminho, tiveram seus méritos pelo que sou. Mas, que fique claro, cada um deles foi coadjuvante, afinal, a artista principal sempre fui eu.

E se este texto continua sem fazer sentido, o que sinceramente acredito eu, que seja considerado apenas este final: as coisas não saíram como eu imaginei, eu hoje não sou nem a sombra do meu ideal, mas, sou orgulhosa demais para, simplesmente, me abandonar por este caminho ou colocar em minha vida um ponto final. Então, sigo pensando que tudo isso foi um mero ensaio, e que o espetáculo mal começou, assim sendo, desejo que o futuro não se apresse ou se recolha, mas que venha como quiser, e que traga com ele melhores pessoas, melhores fatos, e acima de tudo, melhores escolhas.

(E veja você! Ao final, a gente sempre consegue algumas rimas...)


Tudo que vai - Capital Inicial