9 de dezembro de 2012

Arrependimento

Hoje eu preciso chorar todas as minhas dores, minhas decepções, cada um dos meus medos e traumas. Preciso chorar para que me sobre algum espaço, para meu coração seja aliviado, para que sentimentos bons preencham o vazio que as lágrimas deixarão. Este não é o pior momento da minha vida, eu sei bem disso, mas há tempos eu não sentia tanta angústia. Não sei mais lidar com isso... Não sei mais lidar comigo, com as minhas deficiências e limitações. É mais fácil quando a gente tem o controle, quando as decisões são nossas e basta dizer sim ou não. Mas este não é o caso. Nas minhas mãos esta apenas o viver dos dias, a maneira como vou encarar tudo o que esta acontecendo e o que irá acontecer. O desconhecido me assusta, não há como planejar no escuro. Queria não ter feito o que fiz... Mas, antes disso, queria não ter chegado ao ponto de fazê-lo.

12 de novembro de 2012

Deste dia...

Após ficar por 20 dias, minha mãe foi embora. Ela saiu há 30 minutos e desde então eu não consigo parar de chorar. O que sinto agora é uma mistura de solidão, de vazio, de culpa, mas principalmente, de medo. Medo porque sem ela aqui parece que nada mudou. É como se eu voltasse à minha vida triste de antes, à falta de perspectivas, à dúvida de não saber se fiz as escolhas certas, se estou no caminho que eu realmente queria estar, se um dia eu vou me sentir realmente feliz. Tudo esta voltando ao que era, mas eu ainda sou a mesma... Mesmo depois de tudo, mesmo depois de todo o sofrimento da cirurgia... Me olho no espelho e não consigo enxergar meu futuro, não consigo ver as mudanças que eu (acho) que precisaria. Esse vazio que sinto agora, essa agonia, é o resultado dos meus 29 anos de vida. E tudo o que eu mais queria, era ter a certeza de que cada um deles valeu a pena...

25 de setembro de 2012

De você, pai...

E se você tivesse feito o seu papel? Se aparecesse nos aniversários, me buscasse na escola, se me olhasse a noite para saber se eu estava com febre, se tivesse me ensinado a gostar de futebol e me falado sobre como meninos são... meninos. E se você tivesse sido carinhoso, se naquele dia em que nos conhecemos tivesse ao menos me olhado com doçura, se tivesse atendido minhas ligações, se tivesse sido ao menos educado... Será que eu seria a mesma pessoa? Porque eu já não sei se o que sou é a verdade ou o resultado do que você criou. E hoje, anos depois da sua suposta redenção, eu ainda choro o mesmo choro de quando eu tinha apenas 5 anos de idade e vi você atravessando a rua ao me ver. Te perdoei, pai... Mas agora eu sei que foi da boca pra fora. E nem é por mal ou qualquer outra coisa, é simplesmente porque aqui dentro, na ausência de sentimentos, o perdão sequer existe.

23 de setembro de 2012

Do que sou sem você...

Tento me apegar a idéia do impossível, do improvável, do que foi sem jamais ter sido. Tento ignorar sua presença me iludindo, contando histórias de que ninguém é feliz para sempre, de que o amor é um caminho tortuoso e difícil e de que jamais seríamos únicos em nós mesmos. Tento não planejar o futuro, tento ignorar o presente pintando-o com as cores do passado. As lições que a vida nos ensina devem ser praticadas e não esquecidas, mas é tão difícil não esquecer quando você está por perto... Sofro com a dúvida de não ser a única, choro com a possibilidade de sequer ser lembrada. Nas palavras que você omite estão todas as minhas certezas, é no seu silêncio que desmorona meu alicerce. Reservo meu sentimento ao passar dos dias... em breve cairemos no esquecimento. Ao som de Someone Like You - Adele

21 de setembro de 2012

O meu, e só meu

Há muito eu necessito disto, deste isolamento, deste encontro de mim em meio a tudo que já não sou. Não estou na imagem do espelho, não me reconheço em meus olhos e não caibo mais em mim. O que começa agora é a busca pela paz do corpo, e para isso talvez eu perca um pouco de alma...
Texto escrito dia 16/09, em Portugal: Essa noite sonhei com você. Um sonho que não se explica pois há muito não te trago aos meus pensamentos. Te esqueci por muitas luas, até que os deuses te trouxessem novamente para junto de mim. Dizem que nos sonhos as almas se encontram, se for assim essa manhã você também acordará com minha imagem gravada na tua memória. Nunca nos vemos, mas de alguma forma hoje, agora, sinto que você é importante para mim. E lembrando o motivo torpe que nos afastou, o orgulho de ambos que nos mantém distantes, só me resta lamentar pelo que não vivemos. E então choro pensando no que não foi, no pedaço meu que posso nunca mais reaver. Ao som de Don't know why - Norah Jones

24 de março de 2012

Adeus

Quando se encontraram por uma dessas coincidências que o destino cuidadosamente arquiteta, havia entre eles uma distância que só o passar dos anos é capaz de impor. O abraço, antes tão esperado, agora fora evitado, e os então amigos deram as mãos. Foi-se o tempo em que falavam com os olhos e se entendiam em silêncio, não porque desaprenderam, mas porque não mais se buscavam. Naquele momento entenderam que o sentimento jazia em um buraco tão fundo que não poderia ser alcançado, e de comum acordo, mesmo sem que uma única palavra fosse dita, decidiram que ele não existia mais. Os derradeiros segundos que os uniram foram testemunhas de um acordo velado, um acerto de contas, o ponto final de uma história cujo o meio será lembrado como o fim. O adeus jamais seria dito, eram covardes, então deram as costas e se foram sem olhar para trás. E embora eles soubessem que juntos já não existiam, naquele momento tiveram a certeza de que, separados, jamais teriam paz.


Don't Stay - Laura Izibor

17 de março de 2012

Homem não chora... Não é?

"Homem não chora
Nem por dor
Nem por amor
E antes que eu me esqueça
Nunca me passou pela cabeça
Lhe pedir perdão
E só porque eu estou aqui
Ajoelhado no chão
Com o coração na mão
Não quer dizer
Que tudo mudou
Que o tempo parou
Que você ganhou

Meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo mundo sabe
Que homem não chora
Esse meu rosto vermelho e molhado
É só dos olhos pra fora
Todo mundo sabe
Que homem não chora

Homem não chora
Nem por ter
Nem por perder
Lágrimas são água
Caem do meu queixo
E secam sem tocar o chão
E só porque você me viu
Cair em contradição
Dormindo em sua mão
Não vai fazer
A chuva passar
O mundo ficar
No mesmo lugar

Meu rosto vermelho e molhado..."


Homem Não Chora - Frejat

16 de março de 2012

(Des)Encontros

Eu queria entender porque só ficamos juntos justamente agora que precisamos nos separar...

"Learning to walk again
Learning to talk again
Now
For the very first time
Set me free again..."



#NP: Walk - Foo Fighters

5 de março de 2012

Tudo bem, meu bem

Eu disse "você é bacana, tá?", e ele acreditou. Tudo bem, meu bem... Essa não deve ter sido a primeira mentira que alguém te contou.


#NP: Solitary Man - Johnny Cash

29 de fevereiro de 2012

À vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfa-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

(Florbela Espanca)

17 de fevereiro de 2012

E então...

... você percebe que sabe lidar melhor com a indiferença do que com o amor.

8 de fevereiro de 2012

Do passado...

Não sei por onde começar. Esse provavelmente não será um bom texto, não ficará bem escrito, não será entendido de imediato, e, como eu tenho certeza de que ele será longo, muitos não terão vontade de ler. E eu não os julgo, isso pode até ser bom, não sei.

Talvez se eu parasse de chorar já seria um bom começo. Ou talvez se eu escrevesse sobre o porque de estar chorando. Ou simplesmente escrevesse. Desabafasse. Porque um dia alguém me disse que escrever alivia as dores. E alivia mesmo, ele estava certo. Chorar e escrever. Chorar escrevendo, como agora. Novidade nenhuma, afinal a maioria dos meus textos foram escritos assim. Lágrimas e vinho tinto, é isso que está por trás de cada um dos meus textos.

Enfim, é preciso começar.

Hoje, por algum motivo, eu me sinto como há 11 anos atrás. Mais precisamente 11 anos e sete dias. Sim, eu sou boa com datas, mas isso não é algo de que eu me orgulhe, não neste caso. Hoje, como há 11 anos e sete dias, eu fui tomada pelo desespero, pela repulsa, pela tristeza de estar no lugar errado, na hora errada, com a pior pessoa desse mundo inteiro. Do meu mundo inteiro, pelo menos. Poucas pessoas sabem do que aconteceu, e são poucas porque já é ruim o suficiente lembrar as vezes, então imagina como é falar. E junte a isso a vergonha, a raiva, a culpa, a tristeza, junte a isso todos os piores sentimentos de que você já teve notícia. Acrescente o fato de que, quase sempre, eu me arrependo. Eu e essa minha mania idiota de acreditar nas pessoas, de apostar, eu devo ser a maior perdedora de apostas de todo o mundo. Pensando sobre isso eu só posso concluir que, das duas uma: ou escolho mal a quem falar ou eu não consigo me fazer entender, não consigo dar a real dimensão do que é isso na vida de uma pessoa, na vida de uma mulher, na minha vida. Acredito que só quem passou por isso vá, de verdade, saber o que é. E eu não quero que você saiba o que é. E acredito também que entre homens e mulheres, um homem será o que menos irá entender. Pode ouvir, pode ser solidário no momento, mas depois, já era. O fato é que oito pessoas sabem disso. Oito pessoas em 11 anos e sete dias. Você, que pacientemente chegou até esse ponto do texto, pode já ter uma idéia do que se trata, mas, acredite, você só está perto. E destas oito pessoas, apenas duas não fizeram eu me arrepender de ter falado a respeito. Dois em oito, é a estatística apontando o erro.

Porque se eu pudesse pedir uma coisa para essas pessoas, e afinal eu só preciso de uma mesmo, eu pediria respeito. Respeito por mim, respeito pela confiança por mim depositada, respeito pela minha história. Preciso dizer que não tive? E dai me sobra a alternativa de sempre, que é a única que eu tenho, diga-se de passagem, que é seguir em frente. É tentar esconder o passado (porque esquecer eu não conseguirei jamais) e rezar para que eu o encontre poucas vezes durante a minha vida.

E sempre tem alguém pra me mandar seguir em frente. Sempre tem alguém pra me mandar esquecer. Sempre tem alguém pra dizer que é preciso ser forte. E sempre tem alguém pra dizer que o importante é o presente. Sempre tem.

Acredite, eu sei. E isso é só um desabafo, acredite também. Porque se eu não tivesse feito exatamente isso tudo ai que sempre tem alguém pra dizer, eu não estaria aqui escrevendo esse texto, pode apostar.

Agora a pouco eu prometi a mim que nunca mais contarei aquela história, não porque eu não queira, porque, sabe, por mais que me doa falar, assim como escrever, alivia. Não contarei porque não é qualquer pessoa que esta preparada para lidar com ela. Não é qualquer um que esta pronto, ou disposto, para tal, para enxergar o que eu sou de verdade, ou melhor, o que eu não sou. Não é qualquer um que vai me ouvir e me entender a partir dai. E o pior, não é qualquer um que vai me respeitar por tudo isso.

(Mas, quem sabe um dia? Porque além da mania idota de acreditar, tem a mania idiota de ter esperanças... Talvez alguém como eu, me entenda. Alguém como nesse post aqui).

O fato é que estamos acostumados com o nosso mundo, e no nosso mundo são as nossas vontades que devem prevalecer. Nosso mundo, nosso umbigo, o nosso que na verdade não passa de um eu. Esta é a minha teoria, sinta-se a vontade para discordar, mas, saiba que foram necessários 11 anos, sete dias e seis pessoas para que eu formulasse algo assim. Eu diria que é estatisticamente confiável.

Obrigada por ter chegado até aqui.

14 de janeiro de 2012

(In)Quietude

Foram tantas as tentativas que a vontade se fez prudência e desistiu. Eu já não penso mais no meu destino nem em quantas vezes eu tentei reorganizá-lo, neste momento eu me contento com mais uma taça de vinho tinto e com as músicas simples que melodiam o que passou. Entre um gole e outro eu repasso os erros, não com tristeza ou com desgosto, mas porque tenho o dever de dar à eles alguma satisfação. Julgarei como se egoísta fosse, em nome de uma quietude que nem sei se existe ou se é capricho, ilusão. E já que não há nada em minhas mãos, deixo ao tempo um último pedido: pois que seja feita a sua vontade, mas, por tudo que é mais sagrado, que seja poupado o meu coração.