3 de fevereiro de 2010

Quando fui ao seu encontro - Final

Abriu a mensagem e viu que poucas palavras formavam uma única frase “Desculpe, amor, não posso mais...”. E nada mais foi dito.

Sentiu o chão se abrir naquele mesmo instante. Era como se nada nem ninguém existisse, pessoas, a presença de tantas delas, passou a ser completamente indiferente. O barulho, as conversas, tudo foi transformado em um grande silêncio a ecoar no vazio que o mundo se tornara. Aquilo não parecia real, a possibilidade de que ele não viesse sequer passara por sua cabeça, que não viesse e ainda a abandonasse, era algo impossível. Uma mensagem? Simples assim? Meia dúzia de palavras secas, frias, era isso que ela merecia? Oscilava entre a tristeza e a raiva e não conseguia firmar um pensamento sequer.

Aos poucos foi trazida a realidade, a porta da sala restrita mantinha-se fechada, sinalizando que nenhum outro passageiro sairia. Não era um sonho, era real, ele não a queria mais. Sentiu uma mão pesar sobre o seu ombro, e uma voz feminina, doce, falar com ela “Está tudo bem com você?”, foi quando percebeu que estava praticamente sozinha ali, e que estava chorando. Respondeu que sim com um gesto, pediu licença e se virou para ir embora. Nada mais poderia ser feito.

Atravessou a sala de espera e o acesso ao estacionamento, onde agora uns poucos taxistas esperavam aqueles que ficaram para trás. Quando buscou as chaves para abrir o carro as deixou cair, suas mãos tremiam. Aquele lugar a machucava de tal forma que tudo o que mais queria era ir embora. Abriu a porta e quando estava prestes a entrar, sentiu novamente alguém tocar seu ombro. Imaginou que fosse aquela mesma senhora, preocupada com ela dirigindo naquela situação. Não teve tempo de se virar, quando ouviu “Ei...”. Imediatamente o coração pulou em seu peito e por alguns segundos ficou sem respirar. Era a voz dele, a mesma voz grave e serena que a acompanhava mesmo quando estavam separados. Ela se virou e dele partiu “Não vai me levar contigo?”, esboçando um sorriso.

Ele vestia um terno preto, com riscos, camisa branca e já sem a gravata que certamente o acompanhara o dia todo. “Não acredito que você fez isso comigo...”, disse enquanto o abraçava. Ele sorria, e afagava seus cabelos enquanto a apertava em seus braços. “O que foi aquela mensagem?”, perguntou ela. Ele a soltou, secou suas lágrimas com uma das mãos e disse olhando em seus olhos “Eu quis dizer que não posso mais ficar sem você, e que vim para nunca mais partir, meu amor”. E pela primeira vez em semanas, eles se beijaram, um beijo demorado, carinhoso, dado apenas por aqueles que se amam.

Quando ele se afastou ela franziu o rosto e disse, com um tom de raiva “Detesto quando você faz isso... Detesto quando começa a frase, pára, me deixa pensando besteiras e só depois a completa”. Ele riu, e concordou “Prometo que não faço mais”.

Ele guardou suas coisas no banco de trás do carro, ela entregou à ele as chaves e juntos entraram para, finalmente, irem para casa. Pela primeira vez faziam aquele trajeto, e também pela última vez, ele seria feito.

4 comentários:

Jacque disse...

Ah, eu sabia! Eu adoro finais felizes! Mas, confesso, fiquei com o coração na mão!

Angel, tem coisa melhor que isso? Finais felizes, beijos apaixonados, histórias carregadas de amor e cumplicidade... Ai... ai...

Um abraço, minha linda! :)

Angel disse...

Jacque, não tem... Finais felizes nos inspiram, nos fazem acreditar que é possível vivê-los. E na verdade, é!

Fico feliz que tenha gostado.

Abraços.

Thiago Gacciona disse...

Por um segundo, realmente, pensei que tudo havia acabado. Uma ótima história e um grande jeito de prender o leitor.
Belo final!
Parabéns!
Beijo!

Angel disse...

Thiago, a vida é cheia de surpresas, não é mesmo?! Mas eu fiquei com pena dela, deveria ter puxado a orelha dele por fazê-la sofrer desse jeito... Homens! :/

rs.

Obrigada, meu caro.

Abraços!

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