4 de fevereiro de 2010

Cotidiano

À tarde de primavera anunciava o findar de mais um dia. O céu, em diferentes tons de laranja e roxo, era o presente que os últimos raios de sol nos dava. Eu voltava para casa pelo caminho de sempre, cruzando as avenidas mais movimentadas, mas também as mais bonitas, daquela cidade que, enfim, eu podia chamar de minha. Os flamboyants cobriam as ruas com suas flores alaranjadas, duas árvores, cada uma de um lado da pista, se uniam como quem dá a avenida um teto. Os ipês amarelo, branco e rosa, apesar de em menor número, se destacavam por entre as árvores meramente verdes e robustas dali. Eu cruzava vários sinais, luzes sempre vermelhas, mas eu não me importava, não naquele lugar. Era belo, era tranquilo, e aqueles breves minutos me permitiam sentir a brisa leve que me refrescava o rosto e ainda trazia o cheiro das flores.

O dia, por mais difícil que tivera sido, era completamente esquecido no momento em que eu passava por ali. Os problemas, o tempo que insistia em me trair, o barulho, as pessoas, nada mais era importante. Era a natureza me dizendo que acabou e que agora tudo ficaria bem. Eu não podia reclamar de nada, tinha um trabalho atribulado, mas, quem não tem? Era feliz com aquilo que fazia, e o cansaço era mais uma recompensa que um fardo. Minha família estava dispersa por outras cidades, distante dos meus olhos, é verdade, mas não saia de dentro de mim um só instante. Era o meu bem mais precioso, o carinho certo quando a solidão física me apertava. Fiz poucos amigos por aqui, mas é o meu jeito, sou mais reservada, mas os poucos que fiz me eram fiéis, no rir ou no chorar. Faltava-me, claro, um amor. A cidade não me fora generosa neste sentido, por aqui não encontrei quem me completasse em um relacionamento, mas, tudo bem, hoje sei que tudo acontece quando tem que acontecer, tudo acontece à seu tempo.

Fecho os olhos e agradeço por mais um dia. Pela saúde que tenho, por não faltar comida em minha mesa e pela cama quentinha que me espera todas as noites. Pela família maravilhosa que me deu caráter e me ensinou o que realmente importa nesta vida. Pelos amigos que estão ao alcance de um abraço. E pelo amor que há de vir, e como a primavera estampada nas ruas, irá florir este meu coração.

6 comentários:

Juliana Matos. disse...

Como é bom poder viver e ver a vida se mostrar em cada cantinho, momento e sentimento!

Muito bom!
Beijos Angel

Jacque disse...

Angel, eu sempre me encontro quando procuro a harmonia da natureza, isso tudo pra mim é Deus, pois é perfeito. Você descreveu tão lindamente as árvores, gosto delas. Eu sinto a sua fé na esperança de encontrar o que tanto procura. Não desista, nem pense que o mundo ou, as pessoas podem fazem com que você abandone essa procura. E quanto ao tempo, só ele mesmo, não há outra maneira de as coisas acharem o seu lugar, senão for pela ação certeira do tempo.

Um beijo, Angel!

P.s: Precisando, você sabe.

Angel disse...

Juliana, ser feliz é isso, não é? Ver em tudo que nos cerca um motivo para continuar, porque é assim.

Abraços!

Angel disse...

Jacque, são coisas simples que fazem a vida valer a pena. A natureza, diante dos nossos olhos diariamente, é uma delas. E são nestas coisas que estou tentando me reencontrar. Vida que segue, cara amiga.

Obrigada pelo carinho!

Abraços.

P.S.: Pode deixar que procuro sim.

Unknown disse...

Disse tudo Anja...
Bjitos linda
=D

Angel disse...

Obrigada, Bia!

Abraços, minha cara!

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