12 de abril de 2010

Eu hoje acordei assim

Fico pensando se é verdade essa história de “cedo ou tarde, paga-se pelos erros” ou se isso foi inventado para que nos conformássemos com quem se safa de suas cafajestagens. Estou cansada de quem se acha muito esperto, acima de tudo e de todos, que se acha no direito de agir conforme suas próprias regras. Cansada de ver quem usa de desculpas para cometer inúmeros erros, se faz de vítima de uma situação, como se bastasse ter um motivo para aliviar a culpa. Pois não, não basta, não alivia.

E daí vão dizer “e você é perfeita, por acaso?”, e eu respondo “não sou não, já fiz muita besteira vida afora e se eu for mesmo pagar por isso vou sofrer sim”. Então, eu quero o que? Que todos sintam o peso de seus atos, inclusive eu? Sim, quero sim. Se eu vou pagar ou não, não me importa, o que importa é que eu quero ver cada um colhendo exatamente aquilo que plantou, e sendo julgado, absolvido ou condenado, por isso.

E mais, torço por requintes de crueldade em caso de condenação.

26 comentários:

leonel disse...

Quais são as regras? Em que regimento elas se fizeram? Pq elas se fizeram? Por quem? O pensamento é igualitário? Ou é ácido, cítrico, disfórmico, quando fere as nossas próprias “regras”? Quais são as jusrisprudências a que se baseiam? São muitas as perguntas, Angel, que percorrem pari passum a cada uma de tuas linhas. Não digo que as contesto. Isso seria uma inverdade. Compartilho de tua opinião, e, reconhecer o contrário seria ser hipócrita até. Não somos perfeitos. Não posso exigir a perfeição que não me aporta. Cada um faz as suas escolhas, sabendo ou não de suas possíveis consequências. Se são erradas ou não, não cabe a mim julgá-las. A vida não é um tribunal de perdas e danos, de responsabilidades civis, de infrações penais. Mas, a consciência de cada um... eis aí a mais morosa pena a ser cumprida. E quando digo consciência, não digo no seu sentido restrito, e, quase rotulado. É a consciência do espírito, a que me refiro.

Beijo de um mortal.

Angel disse...

Quais as regras, quem as fez, por que as fez, com que direito? Talvez sejam estes questionamentos que fizeram o mundo chegar ao que é hoje, leo... Não digo que não devemos questionar, pelo contrário, devemos sim, afinal, foram os questionamentos que nos fizeram evoluir ao que somos hoje. Mas você, enquanto advogado, sabe que há regras, leis, termos de conduta a serem cumpridos, e sabe, também, o quanto elas são ignoradas e a quantidade de recursos aos quais as pessoas lançam mão para ter benefício em detrimento de outrem. Ninguém é perfeito? Não, não é... Mas se usar disto para cometer erros é desprezível.

Acho eu que não precisaríamos de muitas regras, imensos códigos, inúmeras leis, se cada um fizesse com o outro apenas o que gostaria que fizessem consigo. Mas acreditar que um dia seremos assim é uma ilusão, nunca seremos, como disse um amigo (Marcelo Mayer) o ser humano é ruim, é falho, por natureza.

Talvez a vida não seja mesmo um tribunal, mas eu não acho que a consciência o seja, afinal, são justamente as pessoas que não tem consciência que agem de maneira distorcida. E sigo questionando se atos serão julgados, ou se tudo se resolve (ou não) por aqui mesmo. Não exijo perfeição, leo, porque não me julgo perfeita e sei, como disse no texto, que também tenho minhas dívidas a pagar. Mas há coisas que eu nunca seria capaz de fazer, e que são feitas por ai sem qualquer constrangimento ou arrependimento. Não aceito, fazer o quê...

leonel disse...

Está em teu direito. Eis cá uma visão tendenciosa de advogado, cara Angel, em minhas palavras de outrora. Como rege a doutrina maior do direito, todos são inocentes até que se prove o contrário. E mais uma vez, reforço de que não falo da consciência humana, pois desta muitos não se valem, como tu mesma disseste. Mas, da consciência do espírito, primata, e, em evolução. Uma visão tendenciosa de espiritismo, cara Angel, em minhas palavras de agora.

Vamos à tribuna.

Angel disse...

Gostei muito do seu comentário, leo, acredite. Desculpe se minha réplica foi um tanto acalourada, mas, você me conhece... Enfim, hoje acordei meio assim mesmo, questionando atos, talvez por puro egoísmo, vindo de alguém que se decepciona constantemente com as pessoas. Mas tenho que lembrar que, eu também posso ter sido uma decepção para alguém... Enfim.

Temos nossas divergências, isso é normal.

Vamos à tribuna.

leonel disse...

Já te disse que tu deverias ter nascido advogada! Aprecio as confrontações de idéias, Angel. Não é necessário desculpar-se.

Juliana Matos. disse...

Como é complicada essa tribuna dos homens, dirá quando se fala em espiritualidade, pelas mãos divinas, mais acredito que colhemos o que plantamos, sim podemos decepcionar e sermos decepcionados, somos seres humanos, errôneos e imperfeitos! Mais devemos antes de tudo pensarmos nos nossos atos e em suas conseqüências, embora nem sempre prevemos, e erramos, mais devemos assumir e tentar mudar o que foi feito! Um abraço Angel, belo texto e obrigada mesmo pelas palavras lindas no meu blog viu, ;)

Marcelo Mayer disse...

porém, nmão é por isso que vai errar sempre e usar algum escudo para esconde-los

Jacque disse...

Bem, meu pensamento hoje é bem concreto com relação a tudo o quê foi exposto em seu texto. Realmente ninguém é perfeito, e nenhum ato errôneo justifica essa imperfeição. Mas, muitas vezes, não dá pra aprender sem errar. Por isso que sempre digo que as pessoas não mudam, em essência não mudam. Simplesmente ao longo da vida, vão melhorando, se corrigindo... Mas, não mudam o quê são, isso tenho convicta certeza (é a minha opinião). Pois bem, todos colhem o quê plantam, é a relação causa e consequência, é impossível errar e não pagar pelos erros. O quê fazer então? Ora, aprender. A vida é isso, nada mais que uma escola. Mas, pelo visto, tem gente que insiste em continuar reprovando de ano, mesmo sabendo toda a matéria. Então, vejo que essas pessoas não melhoram, porque simplesmente acham confortável a situação de vítima: "Ah, eu sofri demais"... "Ah, eu vivo sofrendo"... "Ah, tudo acontece comigo... " Ah, sou imperfeito..." Enquanto isso, não reconhecem que precisam abrir os olhos de verdade para reconhecerem quem são e o quê podem fazer para serem melhores. Evoluir de verdade, sem artifícios, sem palavras complexas ou mentiras descabidas. Afe, peguei um nojo infeliz disso tudo.

Ah, essa é a minha opinião. Adorei o texto, gosto dessa maneira que você conduz as palavras, nos faz pensar muito. É uma escrita inteligente e sincera.

Um abraço grande e boa semana!

Anônimo disse...

Eu penso q cada um vai colher sim, nem mais,nem menos. Isso não como castigo, mas como consequência. Concordo q muitos não têm consciência nem nunca terão, mentalmente falando, mas da consciência de espírito ninguém tem como fugir e essa vai doer, ah se vai. Mas, amiga, cada qual pensa de um jeito, né? Contudo se Deus existe, há de ser justo.
Namastê!

Angel disse...

Leo, agradeço, mas, deixo a advocacia à aqueles que chegam a nutrir paixão por ela, e que por isso, exercer muito bem. Como você.

Angel disse...

Juliana, também acredito que por diversas vezes o aprendizado só venha com os erros. E imperfeitos que somos, erramos muito, magoamos, decepcionamos. Me chateia errar sob plena consciência do erro, pessoas "que se acham muito espertas, acima de tudo e de todos, que se acham no direito de agir conforme suas próprias regras.". Seria um persistir no erro, mas por falta de caráter, não sei.

Enfim, como você disse, errar, aprender, pedir desculpas se for o caso, e não repetir.

E quanto as palavras que deixei em seu blog, nem precisa agradecer, minha amiga...

Abraços!

Angel disse...

Marcelo, concordo plenamente. Usar a desculpa de que somos imperfeitos para cometer um erro ciente de que é algo indevido é, para mim, querer ser esperto, criar um pretexto para fazer o que quiser. Além disso, é preciso ter coragem para assumir todos os atos, o que muitas vezes, falta.

Enfim...

Obrigada, querido músico!

Angel disse...

Jacque, vejo que em muito concordamos. Também acho que alguns pontos de nossa personalidade podem nunca mudar, talvez porque não saibamos como fazê-lo, ou por não entender que é necessário uma mudança, sequer tentar. Isso de que colhemos o que plantamos é algo que aprendi como minha mãe, quando pequena. Já adolescente, e com discernimento, ela passou a não mais me dizer "sim" e "não" frente as possibilidades, mas a me mostrar ambos os lados e deixar que eu escolhesse. Nem sempre fiz boas escolhas, mas, até mesmo estas me serviram como experiência. É triste ver pessoas (e por vezes nós mesmos, no passado, em algum momento, sei lá) "reprovar de ano", e cometer incontáveis erros mesmo cientes de que é errado. E para mim, há coisas que não se justificam, e todas elas se resumem em desrespeito ao próximo. O direito de cada um vai até onde começa o do outro, simples assim. E no mais, pensar melhor antes de fazer, porque afinal, eu acredito sim que vamos pagar por cada um de nossos atos.

Abraços, Jacque! E boa semana pra você também.

Angel disse...

Meri, algo que você disse me chamou atenção: "cada um vai colher sim, nem mais,nem menos. Isso não como castigo, mas como consequência". É isso, uma consequência. Sei que você, assim como eu, estuda o espiritismo, e entende o porque de estarmos aqui segundo este. As colheita do que plantamos será proporcional a consciência do que estávamos fazendo ao cometer um erro. Há quem não saiba que está errado, estes não tem, assim, tanta culpa. Mas há quem saiba muito bem o que está fazendo.

Vamos todos a tribuna... (plagiando o leo)

Abraços, minha amiga!

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Há um sistema natural, acredito eu, de compensação/penalização pelo decurso que se tem na vida. Não é a lei, até porque antes de ela existir já outras normatividades existiam os "mal-feitores" era punidos. É a cabeça das pessoas. Nenhuma lei, enquanto construção é positiva, é uma imposição sem ampla aceitação nos que visa atingir. Tem que ser percebia. Percebia pelas mentes das pessoas. É isso o Direito: uma normatividade. Aliás, ao se agir sabe-se perfeitamente aquilo em que se incorre. Infelizmente, podemos é não estar presentes na vidas das pessoas para vermos o mal chegar para lhes fazer pagar o mal que semearam. É um Direito Natural que, acredito eu, ainda paira na cabeça das pessoas. Mais, a pessoas que semeia o mal será punida nem que seja pela falta de gente para conviver e continuar a semear e colher. O que pune, em qualquer normatividade, não é o que está escrito num papel, mas aquilo que está inscrito nos comportamento coercitivos dos outros perante os comportamentos tortos dos desviantes. Não se mata nem esfola porque uma lei qualquer o proíbe (há gente que mata e esfola). A maioria não mata nem esfola porque simplesmente há algo de superior, não escrito, natural, feito de valores, moral e ética, que não é Direito, o ajuda, e pune severamente. Quando deixar de haver remorso e vergonha será o fim do Direito, da Igreja e do ser humano.

Beijoca, Angel.

Angel disse...

Luís, confesso que escrevi este texto por vivenciar situações (não só diretamente comigo) que me causaram profunda revolta, e que não eram passíveis de pena (segundo as leis que estamos subordinados), eram "apenas" questão de consciência, de valores, ética. Espero, sinceramente, que essas pessoas paguem por isso, mesmo que o pagamento seja enxergar a dimensão de seus atos, que como disse o leo, pode ser a mais morosa pena a ser cumprida. E, Luís, as suas colocações sobre como e quando isso pode acontecer foram muito pertinentes!

Espero que a verdadeira lei que nos move, ou deveria nos mover, não seja, nunca, abandonada, pois concordo com você.

Muito obrigada pela contribuição, Luís!

Júlio Castellain disse...

...
Considero que cada um colhe o que planta. Cedo ou tarde. Cada ação uma reação. Uma escolha. E delas, suas consequências.
É fato que essa "humanidade" nos faz carregar fraquezas e misérias. Cada um com seu grau, com suas razões. Mas são elas que nos fazem crescer, evoluir. Desaprovar um ato alheio tem a ver com o tipo de moral que cativas [o que toleras], mas não que isso se converta em julgamento. Isso falando sobre o caráter das pessoas.
Um abraço.
...

Angel disse...

Concordo totalmente com seu comentário, Júlio. Nada de julgamentos, afinal, não temos conhecimento suficiente para tal, nem poder para isso. No mais, cada um irá colher o que lhe é de direito.

Abraço, meu caro!

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Angel, eu falei no Direito por sentir que efectivamente esses comportamentos não poderiam ser regulados por ele. Queria dizer, no fundo, que a lei dos homens, o Direito no caso concreto, nada faz perante certas injustiças. Daí eu crer, piamente, que essa tal normatividade superior que acabará por recolocar as coisas justamente. É isso que me move e que te move também. Enquanto assim for somos pessoas, por certo, melhores.

Só para clarificar, porque fui reler o meu comentário e parecia uma defesa num teste de matéria de Direito. E não quero tornar isto chato.

Beijo

Angel disse...

Ei, Luís, seu comentário foi bem-vindo e muito bem visto, ao menos por mim. Li excelentes colocações de um futuro advogado, e amigo, que muito admiro.

Obrigada pelo carinho, sua atitude só me mostrou que você pensou sobre o que foi dito, e se importou com isso.

Abraços, querido amigo!

Benjamin disse...

Tudo é muito complexo, eu nem tento explicar, porque cada um "ve" a realidade conforme sua experiência de vida. "Aquilo que o homem plantar isso colherá" As consequências chegam a longo prazo, e se não chegar nesta vida, virá na punição final. Mais nínguem ficará inpune. No universo existe justiça.

ErikaH Azzevedo disse...

..E o plantio é opcional, mas a colheita, essa é sempre obrigatória....

Aprendi que a vida sempre cobra a conta, então cuidado com o que se consome.

beijo minha flor,

Erikah

Angel disse...

Washington, são tantas opiniões, e por isso, tantas ações. Será que um dia chegaremos a um consenso? Improvável, eu acho, até porque, seria necessário descobrir a verdade absoluta, ser provada aos olhos de todos, e isso é algo que não deverá acontecer. Enfim... Gostei dessa sua frase "No universo existe justiça".

Abraços!

Angel disse...

Verdade, Erikah! Melhor mesmo é pensar muito bem antes de plantar.

Abraços, querida amiga!

ErikaH Azzevedo disse...

Flor, tem presentin pra ocê no blog..vailá vê...rs


bjooooo!

Angel disse...

Ah é? Vou lá buscar, então! rs.

Abraços, amiga! E desde já, obrigada.

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