5 de abril de 2010

Do hoje

Já não havia palavra a ser dita, morreram as letras que habitavam aqui dentro. Calaram a voz da minha escrita, condenaram o viver do meu sentimento. Na caneta ainda havia tinta, mas o papel velho e amarelado me deixava clara a sua rejeita. Sem destreza perdeu-se a prosa, adoeceu a poesia sem sua rima perfeita.

Noite minha antes tão carinhosa, que me trazia as mais belas palavras como o amante a presentear com um buquê de rosas, agora chega tímida e envergonhada, como quem pede desculpas pela estrela que me foi roubada. Sem o brilho a iluminar meu peito, o vazio nas linhas era apenas uma questão de tempo.

Mas esta madrugada, piedosa do meu silêncio, devolveu-me as palavras em um singelo manuscrito. E como o último gole dado ao bêbado que está morrendo, bebi as letras que sustentam minha alma como alimento. E se agora vou morrer ou não, me resguardo a dizer que é incerto, minha única certeza é que eu morreria feliz se a vida me fosse tirada neste exato momento.

Uniram-se as palavras, deram formas às linhas abandonadas. E por hora, anestesiada pelo calor da escrita, finalizo o que nunca terá fim, dizendo apenas, que estou de volta.


Time after time – Norah Jones

33 comentários:

ErikaH Azzevedo disse...

Nossa!
E voltaste com tudo , parece que a palavra qdo silenciada volta com mais força, mais voz, mais brilho, mais vida....é o que pude agora constatar aqui....li vc e as vi dançando por entre seus dedos, em festa por te sentir novamente entre elas.

Esse texto foi de um intensidade tamanha, mas não daquelas que ferem mas sim daquelas que curam.

Maravilhaaaaaaaaaa te ter de volta.

Um beijo, dois, tres, quatro...um pra cada dia que ficaste afastada.

Erikah

Juliana Matos. disse...

As vezes é preciso calar um pouco as palavras, mudar também o sentido, adequar à realidade, encarar de frente alguns espinhos e até rosas, acreditar no tempo, na esperança, deixar linhas agora já abandonadas e voltar com mais força e fé na vida e em si! Isso é importante, vc fez!
Um beijo Angel e mudou o nome do blog, ah ficou lindo!

leonel disse...

A escrita sorve-nos a mão, nos abraço, aquieta o peito clemente de tanta dor. Pode não curar, não secar as lágrimas, mas é o colo que nos recebe de volta sem nunca nos questionar pq tomamos outros caminhos.

Seja bem vinda de volta, Angel!

Beijos de um mortal.

Anônimo disse...

Amiga, estava fazendo falta vc por aqui realmente.
Outra pessoa q está fazendo falta é o Lukas. Estou até preocupada... snif..
Bjk e boa semaninha!

Angel disse...

Amiga Erilah, eu me ausentei com o peito apertado, sabendo que sentiria falta dos meus amigos que sempre estão por aqui e fazem tão bem, e dos "desabafos" que o blog me permitia. O texto foi realmente intenso, tirou de mim tudo o que estava guardado. Fico muito feliz que você tenha gostado... Você sempre tão carinhosa, só posso agradecer muito!

Abraços, minha amiga.

P.S.: Pela hora do seu comentário, vi que praticamente neste momento eu estava comentando em seu blog... Estamos em sintonia, minha amiga!

:)

Angel disse...

Juliana, sábias palavras que você me deixou. O momento foi meu, de me cuidar, repensar, recomeçar. A ausência foi necessária, e com ela pude perceber, também, o quanto o blog me faz bem, principalmente pela troca que me é possível com todos que passam por aqui.

Obrigada, Ju! E, fico feliz que tenha gostado do que mudei, eu também gostei bastante! :)

Abraços.

Angel disse...

Leo, escrever é uma terapia, e pude perceber o quanto me faz falta. Acho que já faz parte de mim, me consola. Obrigada pelo carinho e pelos votos de boas-vindas!

Angel disse...

Meri, obrigada!

Pois é, estava olhando os últimos posts nos blogs, e não achei nenhum dele... vou passar por lá e deixar um recadinho!

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Mas que regresso! Se há aí saudade, há também um voltar em passos curtos, como quem já não quer grande coisa senão ouvir-nos. É vida. Mesmo as pequenas coisas. Tu não voltaste. Estás a voltar. E isso deixa-me feliz. Se serviu a pausa para alguma coisa, foi para veres que sentimos a tua falta. Como todas as pausas, há-de servir para veres quem e o quê, nesta barafunda digital, te faz feliz.
Um enorme beijo, Angel.
Fico feliz por ti.
Estou aqui por ti.
E continuarei.

:)

Boa semana!

Sylvia Araujo disse...

As vezes fico pensando porque pra algumas pessoas, como eu e você, a escrita é tão fundamental. Quando as letras me fogem, fico meio perdida, desalentada, me sentindo só. Mas é importante que às vezes elas fujam do papel para fazer ninho em nossas mentes e corações. É a hora em que avaliamos, crescemos, nos conhecemos um pouco mais, sem a necessidade de cuspir fora os sentimentos.
É bom ir de encontro à nós, e mais maravilhoso voltar para o colo das palavras.

Uma beijoca

Cria disse...

Expressão por demais intensa ... Lindo demais, poeta amiga ! Beijos e o desejo de uma semana feliz ! (e obrigada pela presença no meu cantinho !)

Angel disse...

Luis, que lindo comentário... Confesso, e você já deixou claro que sabe, que apesar deste desabafo, estou mesmo voltando aos poucos, como se estivesse reaprendendo a caminhar pela vida. E isso não é de hoje, isso já vem de algum tempo, mas quando tomei a decisão de me afastar, eu estava completamente perdida, me sentindo mal, triste. Como eu disse em um comentário que fiz a pouco, coração estava em cacos, e eu sequer conseguia respirar. Agora, ao menos respirar estou conseguindo.

E os comentários que recebi no último me fizeram bem demais, senti exatamente isso que você disse, o carinho em cada palavra. E isso nada paga, nada.

Obrigada pelo carinho, meu amigo, e pela leitura, tão precisa, sobre mim.

Abraços!

Angel disse...

Sylvia, eu duvidava da importância que a escrita tinha em minha vida. Na verdade, eu me esqueci, a deixei adormecida, por muitos anos. Escrever, hoje, tornou-se uma terapia, e poder fazê-lo aqui, em um espaço onde tenho a participação de outras pessoas, é ainda mais gratificante. Aprendo muito aqui.

A ausência me fez reavaliar muitas coisas, como você disse, acabei de encontro a mim, e foi doloroso, muito doloroso, mas foi necessário, e só posso dizer que valeu a pena.

Obrigada pela visita, minha cara! Espero que volte mais vezes.

Abraços!

Angel disse...

Obrigada, Cria! Fico muito feliz por sua presença aqui também.

Abraços!

Luck! disse...

é tão ruim perder as palavras...
:S
ficar sem o que dizer...
é o mesmo que perder o direito a algo digno...
é uma deficiencia, é uma dificuldade, um aperto de mente...
uma realidade exclusa
:S

pxiii"

Viviane Zion disse...

Voltaste em grande estilo e fizeste falta, pode acreditar... mas eu sempre soube que voltarias. Penso (pensar, meu maior defeito), que o blog acaba virando um ninho pra onde (sempre) voltamos quando os voos exaustivos nos enchem de cansaço e ao mesmo tempo, de maravilhosa inspiração. A inspiração dos lugares altos, dos ares mais puros e dos cumes silenciosos. Bom lê-la novamente. Acho que já escrevi antes mas não raras vezes, ao ler os seus textos, tenho uma impressão de proximidade tão grande que poderia "jurar" que nos conhecemos de algum lugar!
Grande abraço, Anjinha!

Lia disse...

Voltou em grande estilo e fico feliz por isso.
Um beijo.

Erica Vittorazzi disse...

E como deixar de escrever quem escreve tão bem assim? Seria pecado! Os imortais te condenariam!!

Seja bem-vinda de volta!!!!

Beijos

Marcelo Mayer disse...

de hoje, sua rima vira poema e seu poema fica sem métrica
delícia poder te ler

Thiago Gacciona disse...

Olha só quem está de volta!!!
Seja bem vinda!!
Algumas vezes é difícil organizar a rotina, mas continue escrevendo sempre, pois você tem talento!
Beijos!

Angel disse...

Juliana, quando somos obrigados ao silêncio ée como se uma parte de nós fosse arrancada. Você disse bem, mas por sorte, isso são fases, com começo e fim.

Abraços, minha cara!

Angel disse...

Viviane, sem dúvida voltei porque senti uma falta imensa desse meu lugarzinho. O silêncio acabou, a saudade veio, e não fazia sentido estar longe de algo que me faz tão bem.

Agradeço o carinho, minha amiga, em suas lindas palavras. A identificação é mútua, já te disse isso e repito.

Abraços!

Angel disse...

Que post lindo, Alexandre! Eu digo o mesmo, é sempre maravilhoso te ler!

Obrigada pelo carinho.

Abraços!

Angel disse...

Lilian, obrigada! Pode ter certeza de que estou muito feliz em voltar, também.

Abraços!

Angel disse...

Ahh, Erica... que gentileza a sua! :)

Adorei as palavras, fiquei enaltecida, ainda mais vindo de alguém que admiro e adoro ler!

Abraços.

Angel disse...

Mayer, delícia é estar de volta! Obrigada pelo carinho, querido músico!

Abraços.

Angel disse...

Thiago, voltei! Confesso que antes do que eu tinha imaginado... Mas acho mesmo que a saudade é mais forte do que eu pensava.

Obrigada pelo carinho, meu caro! Posso te dizer o mesmo? Porque seria mais que merecido!

Abraços!

Franzé Oliveira disse...

Você encontra alguém. Abre seu seu coração. Conta os seus maiores medos. Você confia. Planeja seus sonhos. Se dedica. É correspondido. Sente o mesmo. Segura sua mão. Ajuda a construir os seus sonhos. Você se ver muito feliz.

De repente o espanto. A dor. A confusão. Tudo acaba. Tudo cai.
A solidão. A vergonha de ter acreditado. A vergonha desse sentimento que machuca. Fica por isso mesmo? Te destrói e pronto?

Não olhe. O tempo é o melhor remédio.
O mal quem vem do bem querer. O fim.

Angel disse...

A vida perfeitamente retratada por você, Franzé. Relacionamentos são um risco, muitas vezes, aceitamos corrê-lo sem nem perceber, quando a gente vê, já está totalmente envolvido pela pessoa, pela vida ao lado dela. E se vem o fim (o que acontece quase sempre), a gente sofre, em diferentes proporções, mas sofre.

Eu já duvidei do tempo, hoje, não duvido mais.

Abraços, meu caro!

Priscila Rôde disse...

Vou agradecer!
Que texto maravilhoso. Que volta! Elas te trouxeram de volta lindamente! Perfeito!

. disse...

Perfeito..
As vezes temos muito a falar e algo se cala..
Beijos

Angel disse...

Priscila, muito obrigada! Seu comentário me deixou muito feliz, de verdade.

Abraços!

Angel disse...

Olavo, verdade... E talvez isso seja até providencial, sabe? Tanto a dizer e a gente pode até se atrapalhar com as palavras, falar demais, magoar, ser magoado. Falar, às vezes, mesmo que uma necessidade quase que vital, deve ser evitado.

Seria o silêncio um aliado, talvez.

Abraços, meu caro!

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