31 de janeiro de 2010

Dos meus desejos...

Se todos os anjos experimentassem os desejos que me tomaram o corpo no dia de hoje, o paraíso seria, certamente, apenas uma breve lembrança em suas mentes impuras.

A solidão é um abrigo, um esteio, uma fonte de inspiração, mas com ela, por mais que a gente tente, muito do que se quer acaba morrendo, apenas, em vontades.

30 de janeiro de 2010

Quando fui ao seu encontro - Parte I

Escolheu um vestido não muito curto nem justo, com flores sobrepostas em diferentes tons de rosa em um fundo branco. As alças se uniam em um decote que deixava o colo a mostra. Seus ombros claros contrastavam com os cabelos negros e muito compridos, e o par de brincos discreto e as sandálias sem salto mostravam o receio que tinha em ser notada. Em um dos punhos, uma pulseira de pedras brancas, um presente dado por ele.

Sentou-se em frente ao espelho e pegou o perfume que ele mais gostava, um frasco de tamanho médio, com as formas de uma silhueta feminina, que era também o preferido dela. Borrifou em seu pescoço sentindo um cheiro doce, lembrando rosas, tomar o ambiente. Lembrou-se de quando juntos escolheram aquele perfume, dele se aproximando para senti-lo em seu pescoço, os olhos cerrados, a respiração compassada, quente, e o seu parecer dito, baixinho, ao seu ouvido “É delicioso, amor”. A voz dele era como um carinho aos seus ouvidos, que imediatamente despertava seu corpo inteiro. Era grave e serena, era a voz que a fazia dormir todas as noites, enquanto ela memorava, entre tantas frases ditas por ele, os incontáveis “Eu te amo”.

Quando se deu conta do tempo, muitos minutos haviam passado. Já deveria estar pronta, a caminho do aeroporto. Terminou de se arrumar rapidamente, apanhou as chaves sobre a escrivaninha e desceu as escadas até o estacionamento. Saiu depressa, fez um caminho de 15 minutos em apenas oito. Estacionou o carro o mais perto que pode na tentativa de não se atrasar ainda mais, sem saber que o vôo sequer havia chegado. Atravessou o caminho que restava cruzando pessoas, taxistas, e já de frente a porta de entrada viu um casal se beijando. Sorriu e pensou “Logo seremos nós...”.

Deu passos rápidos até a sala de desembarque, um espaço pequeno a esquerda no aeroporto. Não era como os aeroportos internacionais que conhecera, era um lugar pequeno, e naquele dia estava estranhamente cheio. Era sexta-feira, já passava das 20 h, e por isso imaginou que muitas pessoas estariam voltando para casa. Não tirava os olhos da tela, e poucos minutos se passaram até que fosse dada a informação que ela tanto queria “vôo 3914, no pátio”. Seu coração saltou no peito, acelerou tanto que parecia vibrar cada parte do seu corpo. “Ele já está aqui...”, pensou enquanto lágrimas ameaçavam em seus olhos castanhos. Queria ficar mais perto, queria que fosse a primeira visão dele naquela terra que tantas outras vezes, solitária, o recebera. Agora havia ela, havia alguém a esperar por ele, alguém que o amava mais que qualquer outra coisa em sua vida.

Aos poucos, um a um, os passageiros pegavam suas malas e deixavam a sala restrita. A angústia aumentava à medida que saiam pessoas e ela não o via. Homens sozinhos, engravatados, visivelmente cansados. Jovens animados, falando alto em seus celulares. Mulheres carregando crianças no colo. Casais de mãos dadas, felizes por terem chegado ao seu destino. Mas ele... Ele não vinha. Por que ficara entre os últimos? Por que prolongar aquela espera?

De repente, sentiu o celular chamando. Trazia-o em suas mãos, junto à chave do carro. Uma mensagem no visor, e logo abaixo, o nome dele. Sentiu o sangue gelar e um nó se fazer em sua garganta. Teve medo de ler, teve medo de ver ali palavras que a machucassem. Quando se conheceram ele estava a trabalho na cidade, e nas outras vezes, em função da rotina que tinham, era ela que tinha ido ao seu encontro. Teve medo que ele tivesse mudado de idéia, e ali, naquela situação totalmente nova para ela, tivesse mandado o aviso de que tinha desistido.

29 de janeiro de 2010

Entrega...

Eis aqui um coração pequeno, machucado, mas ainda sim, vivo e batendo forte. Eis aqui uma vontade louca de ser, e de fazer, alguém feliz. Eis aqui defeitos e qualidades, e principalmente, a total vontade de expor cada um deles. Eis aqui alguém inteiro, que se partiu em pedaços, é verdade, mas que se juntou, e se recriou, em nome de algo maior. Eis aqui alguém sem máscaras a cobrir o rosto, e totalmente disposto, a viver assim, livre de qualquer fantasma ou dor. Eis alguém que acredita no querer, que suspira por poesia, que lê textos românticos e espera que sua história não demore a acontecer. Eis aqui alguém que sabe amar incondicionalmente, alguém disposto a cuidar de um coração sangrando, como o seu.

Eis aqui alguém que espera. Eis aqui, amor.

28 de janeiro de 2010

Tenho saudades...

Do primeiro encontro que não aconteceu. Do coração acelerando, da boca seca e daquele frio no estômago que arrepia a alma. Do primeiro sorriso, do primeiro toque, assim, meio sem querer. Da primeira conversa e das tantas semelhanças que descobriríamos ter. Do número de telefone que não dei, da espera pela ligação que não houve, dos tantos outros encontros que viriam, mas não vieram.

Do primeiro abraço, do primeiro beijo, aquele, roubado. De sentir seu cheiro e perceber o corpo arrepiado. Do amor, de fazer amor. Dos suspiros apaixonados, da desatenção no trabalho, do sorriso estampado no rosto que não me acompanhou. Das flores que não ganhei, dos aniversários que não festejamos, até da primeira briga, e em seguida, a primeira reconciliação, com um primeiro choro, juntinhos, arrependidos.

Da convivência que não veio, de saber o que você pensava antes mesmo de me dizer, de preparar seu prato preferido, de tomar banho com você. De te ver dormindo, sereno, e ao acordar te tocar o rosto e dizer baixinho “amo você”. Saudade do que não fomos, do que não vivemos. Mas como posso sentir tanta saudade, se um “eu e você” nunca existiu?

Ah, amor... Onde estava você enquanto eu sentia toda essa saudade? Onde estava você, que mesmo sem chegar, partiu?

Pensando...

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina" - Cora Coralina

Nada mais.

27 de janeiro de 2010

Claridade

Aos poucos, abro os meus olhos. Sinto a claridade acuar minhas pupilas e logo em seguida uma dor forte percorrer minha cabeça. Por quanto tempo meus olhos permaneceram fechados? O que mudou, o que perdi? Quantas pessoas passaram? Quantos momentos se foram? Quantas oportunidades que não voltarão mais? Alguém me responda, por favor!

Havia vozes, eu sei, meus olhos estavam fechados, mas meus ouvidos não se absteram. Falavam-me da vida, falavam-me do tempo, do meu tempo, aquele que julgavam que eu estava a perder. Indicavam-me caminhos, me davam conselhos, segui alguns, mas, era difícil escolher outra rota sem nada ver. Era mais seguro percorrer a mesma estrada todos os dias, porque no escuro fez-se o instinto e eu não me perdia mais ali. Tudo me parecia certo, um vai e vem tão simples que eu me recusava a acreditar que o mundo existia além dali. Onde está minha certeza? Para onde foi a segurança que eu tinha no que estava a viver?

Não sei por onde recomeço, não sei nem se é possível recomeçar. Sinto falta de quando, criança, bastava estender as mãos que minha mãe vinha correndo me ajudar. Quem me ajuda agora? Quem estará ao meu lado, não me deixando cair? O mundo é tão diferente de como eu pensava, têm cores, muitas delas, feias, belas. Existe tanto, como pude ficar sem ver?

Aos poucos hei de me encontrar. Aos poucos os olhos vão se acostumar a claridade que os machuca, mas que me liberta desse meu sofrer. Aos poucos serei inteira, verdadeira, livre, feliz. Aos poucos me acho, aos poucos terei a vida que eu, mesmo sem saber, sempre quis.

Quem avisa, anjo é

http://noticias.uol.com.br/album/100126chuva_album.jhtm?abrefoto=9#fotoNav=2

Eu avisei... bem aqui.

26 de janeiro de 2010

Da série: como saber se você o(a) ama - Nº 3

Tenho descoberto mais homens românticos do que eu esperava, durante esta minha busca por uma resposta. Confesso que tenho questionado apenas homens porque as mulheres tendem a respostas "bonitinhas", sabemos como é. Mas vejo que isso não é questão de sexo, e que os homens são "bonitinhos" também.

Enfim, tenho um amigo que está "nos braços do amor, completamente... aninhado ali, de um jeito que não tem quem tire", palavras dele. Perguntei, já esperando algo no nível deste primeiro comentário. Ele disse:

"Angel, eu acordo e a primeira coisa que penso é nela, de cara. No trabalho todo mundo é sem graça, sem jeito. Na rua não vejo mais ninguém. Vou dormir pensando nela, é meu primeiro e meu último pensamento do dia. Ela é incrível, é linda, é meiga, é inteligente... quero ficar com ela para o resto da minha vida! É diferente de tudo o que eu já senti até hoje, é mais tranquilo sem deixar de ser intenso. Entende?".

Ai... Morri (again).

25 de janeiro de 2010

Da falta que você me faz...

As noites não são as mesmas sem você comigo. Na verdade, minha vida não é a mesma quando você não está por perto. É simples o que eu preciso, é presença, nada mais.

Mas espero que a essa hora, você esteja dormindo, e que tenha dado tudo certo no que o dia te reservou. Fica bem, e volta logo. Não sou feliz assim, sozinha. Sou incompleta longe de você.

Pensando...

Para mim, pessoas dissimuladas são autoinflamáveis. Mais cedo ou mais tarde se queimam, sozinhas.

24 de janeiro de 2010

Despedida

Quisera ser eu o seu remédio, o princípio ativo na dose exata para te curar das dores que te fazem sofrer. Por um tempo acreditei ser eu o seu equilíbrio, seu porto seguro, acreditei que se alguém neste mundo podia te dar paz, esse alguém era eu. E eu sei que não me iludi, eu sei que era assim e que eu era isso para você, mas hoje, já não tenho mais certeza.

Você está por ai, perdido, e parece que quanto mais tento te encontrar, mais me afasto de você. Daria-te a mão, se eu pudesse, para segurar a sua nesta queda livre a que você se lançou, mas você se afasta, finta minhas mãos e insiste em cair sozinho. Saiba que eu tentaria te puxar, cairia com você se não conseguisse, mas jamais te abandonaria, seríamos nós dois, juntos, sempre.

Já não sei mais o que sou, nem o que represento. Não te reconheço, se é que um dia te conheci, então, perdoa, amor meu, se não sei o que fazer para te ajudar. Siga sozinho, como você escolheu. Se nada posso fazer para te curar, me resta acompanhá-lo de longe e torcer para que chegue logo o momento em que você irá se reerguer. Mas leve uma única certeza, que o amor que tenho por você será eterno, mesmo sabendo que o amor que você tinha por mim, morreu.

Ressaca

Acordou eram mais de 3 h da tarde. Normal para quem foi dormir as 6 h da amanhã. Mal abriu os olhos, a claridade era incomoda demais. Ao se levantar sentiu como se um peso de 20 kg esmagasse sua cabeça e na mesma hora sentiu o estômago embrulhar. Como um mantra que já repetia todas as manhãs, jurou nesse momento que nunca mais ia beber, fumar, cheirar, ou fazer qualquer coisa do gênero, condenou até a terceira geração daqueles que a levaram ao bar, apanhou alguns remédios e foi até a cozinha para bebê-los. Por lá, mudou de idéia, ou melhor, literalmente, bebeu. "Já que está tudo uma droga mesmo, vou tomar um vinho". Vinho e comprimidos, que mal poderia fazer? Naquele momento nada soava pior que aquela maldita ressaca.

Sentou-se, pegou logo três comprimidos e tomou. Sobre a mesa algumas contas, a maioria delas atrasada, não por falta de dinheiro para pagar, mas por falta de disposição em sair sob aquele sol escaldante. Há algum tempo não saia de casa senão a noite, se recusava a ver a luz do dia, a menos que tivesse um bom motivo, e como pagar o aluguel do apartamento, a conta de água e a do celular não lhe parecia um bom motivo... “Sol e ressaca não é uma boa combinação”, pensou. “Sol, ressaca, vinho, comprimidos e um carro é uma combinação ainda pior”, concluiu.

Resolveu tomar um banho. Se levantou, foi até o banheiro e começou a tirar sua roupa. Ainda com o vestido preto que usou na noite anterior e o rosto borrado pela maquiagem, se olhou no espelho e não se conteve, riu. "Só falta começar a cobrar...", pensou. Tirou o vestido e percebeu que não havia mais o que tirar. "Quem se importa?", pensou. Abriu o chuveiro e por lá ficou alguns minutos. Desejou que a água entrasse por sua cabeça, lavasse o cérebro e aliviasse a dor. Infelizmente, não aconteceu. Ficaria ali a tarde toda se o celular não tivesse tocado. Já quase dormindo sob o chuveiro, meio desnorteada apanhou a toalha, mal se enrolou e saiu. Antes de atender viu que era ele, e sendo ele não tinha como não atender.

O marido estava sempre viajando, algumas vezes ficava o mês todo fora de casa. Triste em ficar sozinha, ela acabou fazendo amigos e passando as noites com eles para se divertir. O marido de nada sabia, ou fingia que não, mas também, estava sempre ocupado demais, se não com as viagens, mas com a secretária, para pensar no que sua mulher fazia ou deixava de fazer. Atendeu ao telefone, falou com ele como a esposa amorosa e fiel que se fazia ser, justificou a voz um tanto alterada como resultado de uma enxaqueca que não a deixara dormir, desligou, e foi terminar seu banho. O marido queria avisar que demoraria mais uma semana, queria saber se ela precisava de algo ou se tinha alguma coisa para lhe dizer. Nessas horas ela até desconfiava que ele soubesse, mas se mantinha tranquila e sempre dizia "Lógico que tenho algo para te dizer... preciso dizer que te amo, meu querido". Ele fingia que aquilo era o que mais gostava de ouvir, ela fingia que aquilo era o que mais gostava de falar, e ficava tudo bem.

Depois do banho se vestiu, ligou para um de seus amigos e o convidou para um passeio, por sua conta, ou melhor, por conta do seu marido. Saíram, e com ele se divertiu muito em mais uma de suas noites "solitárias" de sábado.

No outro dia acordou eram quase 2 horas da tarde, mas também pudera, foi dormir eram quase 6 horas da manhã...

Líquido Precioso


My Precious!!

23 de janeiro de 2010

Red Hot Chili Peppers

Quem é fã de RHCP também levanta a mão!

Snow (Hey Oh)


Dani California


Around the World


Give it Away


Adoro!

Nota

É o seguinte. Todo sábado rola uma reunião semanal onde o chefe discute o desenrolar da semana com os santos. Cada qual apresenta suas metas, o que fizeram ou não fizeram em seu setor, bem como justificam o número de milagres, coisa muito importante e acompanhada diretamente por Ele.

Enfim, o fato é que, corre a "boca pequena" que o chefe teria chamado a atenção de São Pedro por tanta inconstância no clima, e que Santo Expedito, São Judas Tadeu e São Cristovão teriam comprado a briga tamanho número de reclamações causadas pelas variações no tempo. Rolou um bate boca celestial, e o chefe teve que intervir. Estão dizendo por ai que São Pedro foi suspenso por duas semanas, e que em seu lugar ficou Santa Edwiges, que tentará dar um acalmada no setor.

Tudo bem se não fosse por um detalhe. Ao que parece, antes de ir para o isolamento, São Pedro mandou um "salve geral" para a galera do setor clima/tempo, e agora o bicho vai pegar!

Portanto, amigos mortais, temei!

Era isso, só para avisar... Agora me deem licença, vou ali tomar um sorvete com outros anjos. Ótimo sábado!

P.S.: Se alguém disser que fui eu quem avisou vocês, eu nego até a morte!!

Conversinha mole

Estava em casa ontem, lembrando de uma das tantas conversas que tive com minhas amigas, em nosso botequinho preferido, um lugar onde os frequentadores raramente tem menos que 25 anos, só se ouve rock'n roll e é possível apreciar um chopp a 6°C acompanhado do melhor pastel de bacalhão de que se tem notícia. Ficou com vontade, hã? Pois bem, o que eu dizia? Ah, sim, uma conversa. Muito se falou sobre coisas que a gente vai aprendendo com o tempo, com a prática, etc, etc, até que chegamos a algumas conclusões. Seguem as que me lembro:

- Há pratos que não ficam bons se preparados no microondas, então, há pratos que você nunca comerá em casa, contente-se;

- Nunca, jamais, sob hipótese nenhuma, deixe seu personal trainer irritado;

- Nunca, jamais, sob hipótese nenhuma, deixe sua orientadora irritada (nem preciso dizer quem disse isso, não é?);

- Sempre responda a uma pergunta difícil com uma pergunta enigmática. Ex.: “Foi gostoso, não foi?”, diga “Ora, querido, o que você acha?”;

- Homem está para futebol como mulher está para compras, então, pare de lutar contra isso;

- O batom é o melhor amigo da mulher, só pode ser trocado pelo lápis de olhos, mas mesmo assim, você jamais será a mesma;

- Não converse tanto com os garçons;

- Por mais que você goste de tequila, não beba tanto se quiser voltar para a SUA casa;

- E por último, e mais importante, jamais enfie o dedo sem antes perguntar se pode.

rs... ri demais...

22 de janeiro de 2010

Ana

Estava aqui, ouvindo as músicas que tenho guardadas. Gosto muito de Ana Carolina, da voz, da melodia, e principalmente, das letras que ela canta. Cada música vem carregada de sentimento, seja ele qual for. Coloquei, ali do lado, a música "Beatriz", que julgo pouco conhecida mas igualmente bela. Esta música faz parte do Ao Vivo - Ana & Jorge (Seu Jorge), gravado em 2007, se não me engano. Ao final desta música, Ana faz a leitura de um texto que ganhou a internet. Lindo, forte, e sobretudo, verdadeiro. Vale a pena ouvir, mas o deixo aqui também, para quem quiser ler:

"Só de Sacanagem
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, "Esse apontador não é seu, minha filha”. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde que Cabral que aqui todo mundo rouba", e eu vou dizer "Não importa, será este o meu carnaval, vou confiar, mais, e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês, com o tempo a gente consegue ser livre, ético, e o escambau!", dirão "É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal", e eu direi "Não admito! Minha esperança é imortal! E eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar para mudar o final."

Um P.S.:

Fiquei pensando, esta noite, sobre o último texto postado aqui. Temi que aqueles que o leram, ou que ainda vão ler, pensem que falo do blog e de maneira geral a quem passa por aqui para saber um pouco de mim, do que sinto e do que vivo. Não foi esta a intenção. O post refere-se a minha vida sim, mas à algumas pessoas. É totalmente direionado.

Infelizmente, pessoas assim existem. Que cuidam mais da vida alheia que da sua própria, e como se isso não bastasse, ainda despejam sobre os outros energia negativa na esperança de que as coisas boas não existam ou que se acabem.

Suportei por muito tempo porque eu, personagem principal da cena, sentia-me segura para viver em um palco, podia ver minha vida sendo assistida, que não me importava. Mas, parece que tanta energia negativa teve efeito, e agora o que existia não existe mais.

Que seja.

Agradeço à todos pela presença, saibam que tê-los por aqui me faz muito bem.

Ótimo dia.

Night is over

Fecham-se as cortinas, saio de cena.

Gostaram do show? Uma ode a platéia!

Minha vida virou comédia, assistida por quem quer que fosse como se valesse mais que a sua própria. Felizes estão, dando risada, diante do final infeliz que contraria as belas histórias.

Com o coração partido, termino o espetáculo, abandono o palco para que outra pessoa o tome como seu, e divirta o grande público com a mesma simplicidade desta que se vai agora.

Pouco digo em epitáfio. Julgaram todos os atos, mas eis ai o seu problema, julgados serão vocês também, quando a sua vida entrar em cena.

21 de janeiro de 2010

Um adendo...

Não sei escrever. Talvez se eu dominasse a escrita como outros, deixaria aqui o mais perfeito texto, rico em palavras que, juntas, retratariam de maneira fiel, e lindamente, meus sentimentos.

Seria perfeito. Triste ou feliz, o que importa? Mas ao menos seria, e teria o seu valor.

Pena eu não saber escrever nada. Infelizmente.

Cute-cute moment


Teddy

Ahh, vai dizer que você não tem um bichinho fofo pendurado em algum lugar do seu carro?!

Biografia

Ela sempre foi complicada, sabe disso porque é o que dizem desde que se entende por gente.

Aos três anos já brigava com seu irmão mais velho e o fazia chorar pelo puro prazer de vê-lo. Enlouquecia a família, as babás, os vizinhos, os cães, os gatos... ah, os gatos... o último que se aventurou pelos lados do quintal teve seu rabo queimado pouco depois de quase morrer sufocado embaixo de um edredom. Na escola, já com seis anos, não se interessava por coisas de meninas, achava tudo muito chato e cor de rosa e queria mesmo era ficar com os meninos, ficar perto deles, brincar com eles e participar de tudo que eles faziam. Tanta paixão pelo sexo oposto começou a preocupar seu pai, afinal, ele queria uma mocinha que brincasse de boneca, imitasse a mãe, fosse meiga e o enchesse de carinhos. Muitas vezes conversou com ela, em algumas delas chegou a elevar o tom de sua voz, o que a aborreceu profundamente e fez com que ela, em muitas dessas ocasiões, fugisse de casa. As fugas sempre terminavam na segunda esquina, quando o pai, ofegante, finalmente a alcançava e carinhosamente (com um galho da jaboticabeira) a levava pra casa.

Aos sete anos conheceu sua primeira psicóloga, uma boa mulher, bastante paciente. Fazia muitas perguntas mas ela sempre se reservava ao direito de ficar calada. Um belo dia, depois de um comentário que a aborreceu, chamou a psicóloga do pior nome que ela conhecia e nunca mais teve que vê-la. Depois dela vieram outras (e outros), mas depois que aprendeu como se livrar deles nenhum durou mais que duas conversas. Aos nove anos jogou ovos na casa da vizinha e foi correndo contar para sua mãe que tinha visto o filho dela (da vizinha) fazer o serviço. Com aquela cara de santa, sua mãe não só acreditou nela como contou tudo para a vizinha. Naquele dia se divertiu sentada em cima do pé de abacate, assitistindo a surra que o pobre menino levou da mãe.

Em seu aniversário de 12 anos deu seu primeiro beijo (em uma menina, porque em um menino foi aos 8 anos). Achou tudo aquilo muito divertido mas entendeu que seu negócio eram os menininhos mesmo. Aos 13 anos já namorava e pensava no que haveria depois dos beijos. Aos 14 anos descobriu o que havia depois dos beijos. Alguns anos depois namorou o pai de sua melhor amiga, e com ele aprendeu as melhores coisas que alguém poderia ensinar à ela.

Hoje em dia (diz que) faz faculdade. Mora sozinha e curte baladinhas com os colegas todos os dias da semana. A vontade de ficar com os meninos continua a mesma, muito embora ainda goste de fazê-los chorar, exatamente como já fazia com seu irmão mais velho. Futuro? Nem pensa. Vive o presente da maneira como aprendeu a viver, pois nunca conseguiram ensilá-la a ser diferente.

Se é complicada ou não ela não sabe, mas prefere viver assim a ser uma chata moralista como o pai era, ou uma conformada como a mãe aceitava ser.

20 de janeiro de 2010

Ouvindo a conversa alheia

Conversa entre algumas crianças, no pátio do meu prédio. Importante lembrar que todas devem ter, no máximo, uns 8 anos.

"Lucas, é verdade que a Mariana é sua namorada?"

"Lógico que não, é minha ficante."

"É nada, é nada! Mariana, ele disse que ama você!"

"Mentira, eu falei pra ela que sou muito novo pra namorar. Não disse, Mariana?"

"Você disse, mas eu também nem queria namorar com você."

Zoação geral.

Os anos passam, mas meninos e meninas nunca mudam... A única diferença é que, agora, parece que tudo começa antes dos 10 anos.

rs.

Pensando...

"Os incomodados que se mudem".

Não. Os acomodados é que se mudem. E rápido. Odeio quem não vive e ainda atrapalha os outros a viver.

Só um bom dia...

Que seja um dia bom. Não... Que este seja o melhor dia das nossas vidas. Que seja tranquilo, mas não ocioso, que seja interessante, engrandecedor, que consigamos realizar tudo o que foi previsto, e com um pouco de sorte, também o que não foi. E se este dia não for como gostaríamos, fiquemos bem, porque ele virá de novo amanhã, se Deus quiser.

Quero muito desejar a todos um excelente dia. Em especial a um grande amigo que por hora está ausente, mas sua ausência é mais que justificada, e por fim, voltará melhor que quando se foi. Se cuida ai, Leo. Estou aqui na torcida por você.

19 de janeiro de 2010

Mudando de casa

Enquanto eu não encontro um lilás, deixo este, para você...

Da série: como saber se você o(a) ama - Nº 2

Sabemos que nem só de romantismo vivem os homens, não é mesmo? Aliás, atualmente, um ser do sexo masculino que se defina, e principalmente, que demonstre ser romântico é artigo raro no mercado.

Sem mais, apresento aqui a idéia real, sim, absolutamente real, de um amigo do meu ex-namorado quanto a saber se ama ou não uma mulher.

Segundo ele, descobre se ama ou não a então namorada levando-a à uma casa de swing. Se aceitar dividir, não ama, se não aceitar, ama.

Simples assim.

Dia após dia

Que sono... Até parece que bebi algo! Se soubesse que a sensação seria esta, teria aberto um Pinot Noir.

Mas, é isso. Como cantou Dinho Ouro Preto "nada como um dia após dia, uma noite, um mês".

Seguindo em frente. Já ganhei uma "senhora" bronca do chefe, e cada vez mais me convenço que a profissão de anjo está em baixa. Penso em mudar de ramo, sugestões?

Déjà vu

Mais uma noite que promete ser longa. Agora, exatamente agora, tudo o que eu queria era ter com quem conversar. Passa da meia noite, os poucos que ouso chamar de amigos dormem, cada qual em seu descanso mais que merecido, tão necessário para que um novo dia se faça e se complete, amanhã. Não quero nem vou incomodar. Sei que muitos o fazem, que há pessoas que quando precisam procuram, e não há nada de errado, mas isso eu não sei fazer. Tenho a sensação de estar atrapalhando, e isso me reprime. Um único número atravessa-me os pensamentos, a certeza de que ao menos seu sono eu não iria importunar. Mas noite passada tentei por duas vezes, o telefone tocou, chamou até que uma mensagem ganhasse a vez. Não me atendeu. E imagino que hoje, também não me atenderia.

É estranha essa idéia que tenho de que não colho aquilo que planto. Quando precisam de mim, estou sempre ali, por mais que me doa, por mais que haja algum problema. Mas o contrário não é verdadeiro, e me vejo sozinha sempre que mais preciso, quando estou confusa, triste, fora do meu normal, quando a mulher paciente, centrada, boa ouvinte, perde a vez. Não acho que isso seja dar obrigando a receber. Não faço na intenção de ter o mesmo quando preciso, mas fica, sim, a esperança de ter com quem contar. Aqueles que ajudo são para mim importantes demais, os que chamo de amigos são raros, e humana que sou, carente, problemática, busco aqueles que considero um apoio a ajuda para suportar os momentos difíceis, e é triste quando ele não vem. Ok, sozinha é mais difícil, mas não deixa de ser um aprendizado.

E vai ver, eu nem sou tão legal assim. Vai ver penso que ajudo, quando na verdade não faço nada de especial. Quem sabe eu não esteja colhendo, sim, aquilo que venho plantando?

O momento é crucial. Não bastassem as incertezas, o fim de um ciclo profissional, estou, mais uma vez, emocionalmente frágil. Meus medos, meus dramas, tudo o que nunca fora esquecido, vejo retornando com a mesma força de tempos atrás. "Até parece que você gosta de sofrer, Angel...", "Como você é tola, Angel...", vejo isso estampado nas críticas veladas que me fazem. E pelo jeito, eu devo mesmo ser.

É isso. E quem quiser julgar minhas palavras, sinta-se a vontade. Já sei que serão mesmo julgadas, distorcidas, maculadas, e servirão de esteio para que muito seja angariado ou justificado. Podem julgar, mas ninguém sabe exatamente o que se passa aqui.

Força. Eu só preciso de força. E eu sei que ela está aqui dentro, escondida em algum lugar.


P.S.: Aos que por aqui passam, perdoem tantos posts assim, tristes. Não queria que fosse assim, mas é realmente uma fase difícil. Mas vai melhorar, isso é uma certeza. Além do mais, sei bem que poderia ser pior... Prometo mudar de assunto.

18 de janeiro de 2010

Os 5 estágios



Quem se identifica? rs.

Vida longa ao Bob's!

Porque quando a gente muda o mundo muda com a gente.*

Pouco dormi. O coração ainda está acelerado, o aperto no peito não passou e o enjôo dá sinais de que irá me acompanhar o dia todo. Conheço essa sensação, sei bem o que ela quer me dizer. Um misto de urgência, de raiva e de tristeza. E eu estou cansada de sentir isso, cansada, porque o desgaste emocional é imenso. Preciso entender, de uma vez por todas, que uma mudança se faz necessária, e principalmente, que a mudança deve começar em mim, por mim, e que mais ninguém pode me ajudar. O pior vai ser dar os primeiros passos, tenho medo, porque dá-los envolve perder muito mais do que a falta de coragem para mudar. Será que consigo? Será que sou assim tão forte? Preciso ser. Ou vou acabar enlouquecendo.


*trecho da música "Até Quando", de Gabriel Pensador.

17 de janeiro de 2010

Pensando...

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."?

Não seria mais justo "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cultivas."?

16 de janeiro de 2010

Da série: como saber se você o(a) ama - Nº 1

Ao questionar um amigo sobre isso, ele me disse que até teria uma resposta mas que esta poderia ser mal interpretada pelas minhas leitoras. Segundo ele, só amou uma mulher até hoje, é um homem prático, racional, e não quer que as mulheres, ao lerem sua resposta, pensem o contrário, que é romantico, ou algo assim.

Garanti que faria toda essa introdução e, então, ele me deu sua resposta. Ele disse exatamente o seguinte: "Acho que foi quando eu percebi que seria uma honra e uma enorme felicidade dividir minha vida com ela, que realmente era uma pessoa bacana e que valia a pena estar ao meu lado".

E ele me diz que não é romântico...

Morri.

15 de janeiro de 2010

Sonho

Sonhei com você de novo. Não sei quem é, muito menos o que quer comigo, mas sei que de alguma maneira você fez, ou fará parte da minha vida. Ontem passei o dia todo triste, chorando sem ter porque, ou talvez, acordar tenha sido o motivo. Me senti tão bem neste sonho, lembro-me de ver sua mão junto a minha, dedos entrelaçados, seu corpo perto, me envolvendo em um abraço. Seu rosto está tão claro em minha mente que se te ver por ai, na rua, vou te reconhecer de imediato.

O que são os sonhos? Acasos? Uma brincadeira feita por nossa mente? O espelho dos nossos males, desejos, segredos? E se for verdade que em sonho encontramos aqueles com quem sonhamos? Se assim for, por que eu te busquei por três noites seguidas, e mais, por que me sinto tão bem com você?

Triste

"Bora tomar uma domingo?"

Agora é assim que eles chamam uma mulher para sair.

¬¬

14 de janeiro de 2010

O encontro - Final

As horas passaram sem que ela percebesse. Perdeu-se na lembrança dos tantos momentos bons, de intenso sentimento e cumplicidade, que tiveram antes de perdê-lo. Em seu último dia juntos, o viu na cama, deitado. Ele estava magro, debilitado pela doença que os médicos não podiam mais vencer. Perdera os cabelos negros e tão lindos que tinha, e seu rosto pálido contrastava com suas olheiras profundas. Sentada ao seu lado, segurando uma de suas mãos com as suas, chorava vendo seu grande amor, aos poucos, partir.

Ele abriu os olhos, deu a ela seu último sorriso e sussurrou algumas palavras.

"Prometa que terá juízo? Não estarei mais aqui para te moderar..."

"Pare com isso! Quantas vezes já disse que você não pode me abandonar?!"

"Não vou te abandonar nunca... Eu estarei sempre ao seu lado, cuidando-te, como sempre fiz desde que nos conhecemos. Quando ficar triste lembre-se dessas palavras que te deixo, você é a mulher mais amada de todo este mundo, e o será enquanto existir algo meu em qualquer lugar desse universo. Sou aquele que não quis outra coisa nesta vida que não estar contigo. E se agora devo partir é porque chegou a hora de caminharmos separados... Mas entenda, amor, abandono o corpo, mas minha alma sempre estará ao seu lado."

Ela deitou a cabeça em seu peito, dando-lhe um abraço. Ele respirou fundo e fez a ela seu último pedido.

"Prometa que nunca mais irá chorar por mim. Que se lembrará somente das coisas boas que tivemos. Promete?"

"Prometo"

"Eu te amo"

"Eu também amo você"

E ouvindo dela estas palavras, fechou os olhos. Deitada sobre seu coração, ela o sentiu bater cada vez mais fraco, se perdendo aos poucos, até parar.

Dias e noites seguiram sem que ela uma palavra dissesse, as lágrimas com o passar dos dias secaram, nem chorar mais conseguia. Os anos passaram, e pela primeira vez teve coragem de voltar a aquele lugar em que tantas vezes estiveram. Não conseguiu... Chorou. Pela primeira vez em tantos anos, descumpriu a promessa que fizera ao se lembrar dele. Em pensamento pediu desculpas, pois sabia que ele ali estava. Mas a saudade era tamanha que não conseguiu conter o sentimento.

Ali, sentada sob a figueira, com ele ao seu lado, velando por ela, adormeceu enquanto as lágrimas caiam, sem saber que quando este momento chegasse, quando a promessa descumprisse, finalmente se libertaria. Um sono eterno se fez. Ao acordar o viu de pé, ao seu lado, mãos estendidas, sorriso no rosto. "Vem, amor". E a levou consigo, para que não mais se separassem.

E assim, cercados pelo amor que os unia, caminhariam novamente juntos, pela eternidade. Exatamente como deveria ser...

O encontro - Parte I

Há muito queria voltar ali. Deu mais alguns passos e se abaixou para desviar de um galho seco que ainda se ligava fragilmente ao caule grosso. Aquele lugar era especial, muitas vezes estivera ali, sozinha ou com ele. Quando jovem era mais fácil chegar, subia correndo o morro, sentia o vento vir com força ao seu encontro e bagunçar seus cabelos. Simplesmente ria. Agora subiu a passos contidos, não sabe se por não conseguir ou se por não querer reproduzir o tempo que passou.

Caminhou em volta da árvore procurando alguma mudança, mas tudo parecia estar como ela havia deixado, exceto, a marca talhada a altura de seu peito. Os nomes quase foram encobertos pelas rugosidades que nasceram, mas ainda estavam ali, os dois. O dela vinha acima e logo abaixo o dele. Quando ele, de posse de um canivete quis ali deixar escrito, disse a ela que deixaria seu nome primeiro, como ela eternamente estaria em sua vida. Lembrou-se de dar risada quando ele disse "estamos unidos agora, nada nos separa". Ao se lembrar sentiu os olhos umedecidos, as lágrimas ameaçarem, mas não podia, jurou ao próprio dono do nome que nunca mais ia chorar por ele. Estendeu a toalha e sentou-se junto ao caule, fazendo dele um encosto para suas costas. Teve o cuidado para sentar-se bem embaixo de onde estavam as letras.

As lembraças eram tão vivas que tudo parecia ter ocorrido ontem. O encontro, a amizade, o amor, sentimento que os tomou quando crianças e os seguiu vida afora. Se amaram desde o primeiro momento, como se há muito se conhessessem. Lembrou do quanto ele a admirava. Ele era tímido, ao contrário dela, pouco se arriscava, tinha medo de se machucar. Ela não, era inconsequente, tinha uma coragem que muitos homens invejavam. Ele não sentia inveja, mas a admirava. Ela era e fazia tudo o que ele queria ser e fazer, mas faltava coragem. E ela tinha nele o seu apoio, as rédeas que tanto lhe faltavam. Ele era a razão frente a tanto sentimento, ela era o sentimento para tanta razão.

"Teria sido tão perfeito...", pensou.

13 de janeiro de 2010

Explicação

Comentários moderados a partir de agora. Educação e respeito é bom, eu gosto e meus amigos que vem aqui, também.

Grata.

O mágico, o palhaço e o equilibrista

Era uma vez um grande circo, que atrás de platéia corria o mundo. Muitos artistas o compunham, mas hoje, apenas três deles conheceremos a fundo:

O mágico era dos três o mais admirado. Senhor de muitos segredos, seduzia a platéia com mistérios que nunca eram revelados. Abriam-se as cortinas e ele brilhava, seu show era por todos o mais aguardado. Mulheres se encantavam e por ele se apaixonavam, homens sentiam inveja e até o odiavam. Uma máscara cobria-lhe o rosto, "faz parte do mistério", muitos pensavam, mas na verdade aquela máscara cobria um rosto desfigurado. Mal sabia a platéia, que fechando-se as cortinas, quando longe dos holofotes o mágico ficava, triste vida tinha pela solidão que o cercava. Para ter sucesso, sua identidade e seus truques deviam ser guardados, e sem poder dividir nada, tristemente vivia engaiolado.

O palhaço era também muito esperado. Querido pelo público, no palco era como se para outro mundo fosse levado, era onde conseguia abandonar os problemas, e ali, para ele, ser feliz era tão simples como um sorriso arrancado. Tinha alma de criança, pouco se preocupava com ele e muito com quem estava ao seu lado, mas quem o via rindo e fazendo graça, não imaginava o quanto seu peito estava apertado. O público acarinhava seu coração tristonho, que tantas vezes fora deixado de lado. Mas o que mais o entristecia era o descrédito que lhe davam quando as cortinas fechavam. Por ser chamado de palhaço, até mesmo os artistas que com ele trabalhavam, debochavam de sua vida e com ele brincavam. O dono da alegria era triste, porque não sabia o que era ser respeitado.

O equilibrista não era muito habilidoso, mas de tão esperto permacera no circo forjando espetáculos. Seus números eram simples e de incrível nada tinham, mas prendia o público com a criatividade com que tinha sido agraciado. Enfeitava cada ato com peças bonitas e brilhantes, e com elas a platéia se encantava, tanto que seus erros passavam despercebidos, inclusive, pelos colegas de estrada. O equilibrista era falso, no palco e fora dele. Os colegas, envolvia como peças, brincava com um e outro e achava graça. A inveja o corroia, mas não deixava que ninguém soubesse, preferia fingir ser amigo de todos na tentativa de que algo lhe sobrasse. Mal sabia ele que estava fadado a ser coadjuvante, que jamais seria hábil como o mágico, nem querido como o palhaço.

Três personagens e seis histórias, cada um com uma dupla face. Assim também são as pessoas, nós enxergamos apenas o que elas nos permitem ver, mas nos esquecemos que por trás do que vemos, pode estar algo completamente diferente da realidade, mal sabemos que por dentro de cada uma delas, pode existir uma outra face.

12 de janeiro de 2010

Ser feliz sozinha?

Há uns meses senti, como há algum tempo sentia, falta de ter alguém ao meu lado. Profissionalmente tudo certo, tudo caminhando como deveria, e embora tudo corresse como o esperado, acabei sendo tomada demais por este "setor" da minha vida. Não sei se meus passos são sempre grandes, mas o fato é que abraço as oportunidades e elas simplesmente me tomam, me absorvem e acabam me privando do resto do mundo. Obviamente tenho meus momentos, mas são reduzidos a poucos.

Enfim, há alguns meses me senti sozinha como poucas vezes lembro de ter sentido. Acho que a culpa disso foi da falta de tempo para mim, para meus amigos, familiares, aliada ao cansaço e, principalmente, a grandes decepções que acabei por ter. Foi quando comecei o namoro com uma pessoa que havia conhecido recentemente, e que posso dizer que me ajudou a sair do subsolo do fundo do poço e voltar a ver a luz do dia. Só por isso, já valeu, e muito. O namorou terminou e reconheço que a culpa foi minha, afinal, eu quis assim, mas, acho que só durou o quanto durou porque nos viamos pouco, já que moramos em cidades diferentes e muito distantes. Acho mesmo que se ele morasse aqui, talvez fosse ele a dar um fim ao que tínhamos, tamanha falta de tempo e disposição em que eu andava, e ainda ando.

Terminamos, mas confesso que eu gostaria muito de ter alguém ao meu lado, tanto ou até mais que alguns meses atrás. Mas agora, depois de tudo o que aconteceu no ano que passou, começo a pensar que melhor é fazer o que me propus e aceitar que neste momento talvez eu tenha mesmo é que ficar sozinha. Dificilmente um homem entenderia minha rotina, e tenho certeza que isso acabaria em brigas. E como tudo o que quero é, nos poucos momentos que tenho, ter paz...

Lógico que se acontecer será bem recebido. Pessoas especiais são raras, e especiais que combinem com a gente mais raras ainda, então, se uma aparece não podemos nos dar ao luxo de ignorar. Mas, infelizmente, tenho quase certeza de que não daria certo...

É isso. Pensei, pensei... Escrevi, escrevi... E no fim parece que nada ficou claro, nem menos confuso, nessa cabecinha aqui. Alguém ai dá uma ajuda?

11 de janeiro de 2010

Quando me faltam as palavras...

O silêncio tem um poder grandioso. Pode ser mais eficiente que qualquer texto ou oratória, porque ele, muitas vezes, nos diz tudo.

Cheguei a pouco, não me sinto bem. Dia puxado, cansaço físico e mental. Peço licença à todos e me coloco em silêncio, isso fará bem a parte mais importante de mim, ao meu coração.

10 de janeiro de 2010

O dia de ontem

Ontem fiquei na universidade das 8 hs até as 23 hs. Cheguei em casa exausta e não consegui sequer passar pelo blog. Aos amigos, que tanto gosto, desculpe a ausência de respostas aos comentários. Vocês sabem que faço isso desde que comecei o blog, e faço porque gosto, é para mim uma felicidade e um aprendizado imenso ouvir as pessoas, ainda mais aqui, onde tenho vozes, letras, sentimentos, de muitas partes do mundo. Acordei agora e já estou de saída. Universidade, mais uma vez. Mais uma desculpa peço, porque talvez eu não os visite hoje, mas saibam o quanto sinto por isso.

As coisas não estão sendo fáceis, mas ninguém disse que ia ser. Eu sabia dos riscos, embora não imaginasse que enfrentaria tantas dificuldades. Mas os benefícios serão de quem? Os frutos quem vai colher? Eu, ninguém mais. Poucas vezes na minha vida fiz algo que beneficiasse unicamente a mim, sempre me faltou uma dose homeopática de egoísmo, mas agora, está ai. Meu objetivo, meu esforço, minha vitória, porque não vou deixar ser diferente disso.

Abraço à todos, e bom domingo!

P.S.: Leo, obrigada pela cia ontem, mesmo eu estando chata demais! Você reafirmou coisas importantes, não me deixou perder o trilho. Você tem sido muito importante para mim.

8 de janeiro de 2010

Pensando...

Ao tempo atribuiram o fardo de ser o melhor dos remédios. E talvez ele seja mesmo, mas em troca ele nos cobra caro demais... Cobra exatamente o tempo que perdemos, porque, sim, perdemos tempo dando ao tempo a responsabilidade de nos curar.

E aos problemas, o que dizer?

Sabe quando algo foge ao seu controle, tira você da sua zona de conforto e acaba prejudicando toda a sua vida? Uma briga com a família, um trabalho que não deu certo, um relacionamento que acabou... Coisas que acabam com a gente e fazem o mundo parecer sem conserto. E quando isso acontece, o que fazer? Se recolher, se dar um tempo? Reclamar? Chorar? Buscar os amigos, cair na noite? Ou simplesmente, nada?

Não há uma fórmula mágica para lidar com isso, cada um é cada um, e deve se conhecer ao máximo para saber o que é melhor. Mas é certo que devemos aceitar e de algum jeito seguir em frente. Nessas horas fica difícil acreditar, mas isso passa. Pode ser que as coisas não voltem a ser como antes, pode ser que a gente não encontre nada como aquilo que perdeu. Se a família não for mais a mesma, que fique ao menos o aprendizado daquilo que ocorreu. Pode ser que um trabalho ainda melhor apareça, que um novo amor seja ainda mais intenso e verdadeiro.

Vale a pena acreditar no melhor. Vale a pena acreditar que o equilíbrio se reestabelece, porque mais cedo ou mais tarde, é isso que acontecerá.

E no mais, deixo aqui a matemática básica da minha vida:

Intenção - Ação = Nada.

O que seriam dos momentos bons se não houvessem os ruins para glorificá-los?

Ao amor da minha vida...

Não tenho idéia do que virá amanhã, não sei onde estarei, nem onde estará você, mas isso, nunca irá mudar...


7 de janeiro de 2010

Há quem ouse falar de amor...

Minhálma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és se quer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio do Fim!..."

(Florbela Espanca)

... e consiga fazê-lo como poucos!

Pensando...

Viver é fácil. Difícil é conviver.

Sempre valerá a pena um dia a mais...

Vivemos cercados por tragédias. Grandes, do tipo que envolvem famílias, bairros ou até cidades. Pequenas, do tipo que envolve um amigo, um vizinho ou um parente. Sorte a nossa quando uma tragédia acontece e podemos pensar "graças a Deus que não é comigo". Isso não é ser egoísta, e só, ser humano, e sentir medo e se sensibilizar com a dor.

A dor. Sentimento que pode virar uma vida do avesso, pode nos fazer regredir ou progredir como pessoas, depende de como a gente a vê. Mas não é fácil encarar a dor de frente, não é fácil sequer viver se pensarmos que ela pode ser dura e que é eminente. Como viver tranquilo sabendo que a tristeza pode estar logo ali, na esquina? Pois nós vivemos, pelo menos, a grande maioria de nós.

Esperamos sempre que a dor seja uma coadjuvante, ofuscada pelo brilho da felicidade, nossa artista principal. A felicidade sempre traz consigo algum outro sentimento, isso quando não traz um misto de muitos. Momentos felizes. São os momentos bons que tivemos, temos e ainda teremos, que nos fazem aceitar as tragédias e a dor.

Aconteça o que acontecer, a vida sempre valerá a pena.

6 de janeiro de 2010

Sua resposta

Quando mais uma vez te perguntarem o que fiz para você me amar de maneira tão desmedida, responda que te dei tudo o que em mim há de mais precioso. Te dei o meu respeito, a minha amizade, o meu carinho, a minha compreensão, e acima de tudo, um amor imenso que nenhuma outra mulher há de sentir por você.

5 de janeiro de 2010

Pensando...

Pequenos homens, grandes egos?

A primeira vez...

Estava com tanto medo que mal conseguia abrir os olhos. Era sua primeira vez e ele pouco falou com ela, o que a deixava ainda mais insegura.

"Que ótimo... Se eu podia escolher, poderia ter escolhido, ao menos, um homem mais atencioso", resmungou baixinho para que ele não ouvisse.

Já sentia o arrependimento quando começou a sentir raiva.

"Isso que dá ouvir os amigos", se queixou, afinal, foram eles que tanto insistiram para que ela estivesse ali, porque diziam que ela já estava velha demais para não saber como era. Mas será que precisava mesmo pagar alguém para isso?

"Vai ser melhor, porque se você for com um de nós, que você já conhece, vai ficar sem jeito e pode não aprender direito", disse um de seus amigos.

Segundos que pareciam horas se passaram, até que ele se levantou e veio em direção à ela, sem muita pressa. Ela estava sentada, esperando, como ele mandou, coração acelerado, um pouco ofegante. Era tudo novo e o pouco que ela sabia aprendeu vendo outros fazerem.

Ele veio, fechou a porta, se acomodou por ali e avisou: "Vamos começar. Tudo bem pra você?".

"Tudo, mas estou com medo, sabe...? Nervosa...".

"Não se preocupe, o que você fizer errado eu falo pra você, e vou te ensinar tudo é só fazer como eu mandar.".

E começaram. Ela, totalmente sem jeito, precisou que ele intervisse algumas vezes no início, mas depois se soltou.

"Até que dirigir não assim tão difícil...", pensou ela depois que sua primeira aula, finalmente, acabou.

4 de janeiro de 2010

Quando não tiver o que falar...

Entraram no elevador um homem estranho (muito importante essa informação) um casal cuja mulher trazia um bebê no colo (muito importante essa informação também) e eu.

Aperto o número 15, o homem estranho o 9 e o casal com o bebê o 7. O homem começa a falar com o bebê, daquele jeito meio idiota que muita gente usa para falar com bebês.

Por volta do 3º andar ele diz: "Own! Mas essa menina é mesmo linda!". O pai, muito educado, responde "Não, não é uma menina... é um menino. Se chama Davi.". O moço, no alto da sua estranheza, diz "Ai ai, mas já estão querendo decidir por você, hein Davi?!".

Silêncio.

Alma

Senti um peso sobre os meus ombros, os músculos fadigados e já sem forças. Nem parece que uma boa noite de sono se fez e a manhã acabou de chegar. A sensação de aperto vem logo após refazer o caminho de todos os dias, caminho este que eu teimo em fazer por mais que me doa. O corpo não responde a nenhum problema físico. Dentro do corpo, em um canto qualquer, encolhida e chorando baixinho, está a alma. É dela a dor exteriorizada.

Cansaço. O que fazer quando a alma está cansada?

3 de janeiro de 2010

Entre leões e sentimentos

Estou entre leões, com garras e dentes afiados prontos a me devorar. Famintos, ficam na espera de qualquer deslize meu. Enquanto estou de pé, armas em punho, eles não me alcançam, pois sabem que se aproximando eles vão se machucar, mas se eu cair certamente não conseguirei mais me defender.

Eu não sei até quando vou resistir. Minhas forças, antes inesgotáveis, estão se esvaindo a cada dia que passa, a cada ato torpe e dissimulado. O alimento que me era dado e que recobrava minhas formas é cada vez mais escasso, e o que antes era demasia hoje não passa de migalhas, que se reduzem, dia-a-dia. Eles são muitos e eu luto sozinha, o que os torna ainda mais fortes. Talvez me devorem, eu não sei.

Talvez eu morra, e tudo aquilo pelo que lutei seja por eles tomado. Mas se eu morrer, levo comigo algo que de mim jamais poderá ser tirado, algo tão puro que eles, com seus corações maldosos, nunca poderão ter. Os leões podem comer minha carne, e vitoriosos, dela se apossar, mas aquilo que tenho de mais valioso dentro de mim não será dado. Os sentimentos, estes, eles não terão jamais.

2 de janeiro de 2010

Sobre o amor

O amor é uma droga que cura ou mata, e isso independe da dose que você venha a tomar. Morrer ou viver de amor não é uma escolha, é coisa de sorte, sei lá.

À espera...

- Você hoje me deixou orgulhoso - disse ele.

- Só fiz o que meu coração mandou fazer... - respondi.

Ele assentiu.

- Em breve você estará pronta... - falou como a doçura de sempre.

- Pronta para quê? - perguntei de imediato.

- Você saberá...

E não falou comigo desde então.

Seja o que for, não me importa, aprendi a confiar em você e sei, tudo será exatamente como deve ser...

Tempo

Acordou com o grito das crianças que brincavam do lado de fora. O quarto escuro não permitia saber que já era dia. Abriu os olhos com dificuldade e segundos se passaram até que se lembrasse quem era e o que fazia ali. Tentou se levantar mas as forças lhe faltaram, segurou com as duas mãos em um dos lados da cama e um impulso se fez, na tentativa de se erguer. Não conseguiu, e sentiu o corpo ser tomado por uma dor insuportável que começou em seu peito e se espalhou por cada parte viva que existia. A dor foi tanta que mal conseguia respirar, e entre suspiros profundos se esforçou como nunca para permanecer viva.

Minutos eternos se passaram, o teto do quarto ganhou vida enquanto a dor parecia querer tirar-lhe a sua. Resistiu. Quando finalmente a dor cessou decidiu que sairia dali a qualquer custo. Estranhamente sentiu-se um pouco mais forte e aproveitando-se desse breve momento de firmeza, ergueu-se. Primeiro sentou sobre a cama, respirou fundo duas vezes e se levantou completamente.

Sentia as costas curvadas, uma fraqueza recorrente, os olhos pouco enxergavam mas acreditou que isso a claridade resolveria. Caminhou até o banheiro, fechou o armário sobre a pia que ainda estava aberto. Viu no espelho uma imagem sendo formada, não reconheceu. Uns poucos cabelos brancos que cobriam-lhe parcialmente a face, os olhos cansados, a pele seca e enrugada marcada com os inúmeros traços que a velhice lhe causou. O colo manchado e sem vida, as mãos disformes. Tocou o rosto na esperança de que fosse uma alucinação, um sonho ruim que ainda não terminara. Sentiu a realidade do toque e na mesma hora seu coração disparou.

"Não pode ser", pensou.

Saiu do banheiro afobada e voltou para o quarto, e ouvindo as crianças que ainda gritavam foi de encontro a janela. Abriu parte dela e sentiu a luz do sol quase cegá-la, a cabeça despertando em dor, precisou de tempo até conseguir ver o que lá fora se passava. Não reconhecia nenhuma daquelas crianças, seus rostos estranhos, a falta de nomes, com certeza não eram suas.

Atravessou o quarto e foi até a sala, viu os móveis velhos e empoeirados. Sobre a escrivaninha, ao fundo, uma garrafa de vinho ainda pela metade. O cheiro de mofo machucou suas narinas e o cheiro de abandono machucou seu coração. Não havia mais ninguém ali, só ela. Procurou por sua família, imaginou que teria filhos, talvez netos, já que estava assim tão velha. Nenhum porta-retrato, nenhuma carta ou bilhete, nenhum traço de vida, o que só lhe permitia pensar que era mesmo sozinha. Ao lado da escrivaninha um outro espelho onde podia ver seu corpo inteiro, se colocou bem perto e de frente a ele. Não sabe quanto tempo ficou ali se vendo, nem quantas lágrimas rolaram.

"Como foi que isso aconteceu?", falou.

E naquele momento se deu conta de que o tempo havia passado, não sabe como, mas havia... Não tinha lembranças, não realizara sonhos, não fora feliz.

"Como foi que eu deixei isso acontecer...?", pensou.

Tarde demais para tentar entender o que se passou, agora só conseguia ver que não havia acordado a tempo, que a juventude lhe fora tomada e a saúde também, sem que sequer percebesse. Não conseguia pensar em mais nada, apenas, na vida que perdeu...

Porque tudo que vai, precisa voltar

Dizem por ai que não devemos esperar nada das pessoas, que devemos fazer o bem e não aguardar o mesmo em troca. Pois eu discordo! Admiro aqueles que são bons sem que importe a reação dos outros, mas eu não consigo ser assim... Não consigo por acreditar que o dia que deixarmos de esperar o melhor dos outros, nós certamente teremos perdido completamente a fé no mundo.

Quero e espero o melhor das pessoas, sempre. E vou me decepcionar todas as vezes que não o tiver.

1 de janeiro de 2010

Papo vai, papo vem...

Conversa com um amigo, dias atrás:

Ele: Angel, já fiz minha lista de metas para o ano de 2010. Na verdade, é só uma meta, e eu vou conseguir!

Eu: E qual é?

Ele: Quero emagrecer 30 kgs esse ano.

Eu: 30 kgs?! Mas como? Você não está 30 kgs acima do peso... Se quer mesmo, é no máximo uns 10 kgs.

Ele: Eu sei. Mas se eu colocar como meta emagrecer 30 kgs, me sobram 20 kgs que ainda posso ganhar para só depois ter que emagrecer...

Eu: ¬¬

Então 2010...

Primeiro dia do ano e... nada mudou.

Mas eu não esperava mudanças, mesmo. É só um dia depois de outro dia, mas, fica a esperança de que este ano que se iniciou hoje seja tranquilo, porque no final, tudo o que é precisamos, de verdade, é ter paz em nosso coração. Não fiz nenhum grande plano, não elaborei nenhuma meta, estes já estão todos traçados e vão sendo substituídos a medida que são realizados ou que deixam de ser importantes. Minha vida está em minhas mãos e ninguém pode conseguir nada por mim.

A única coisa que eu quero, quero de verdade, e que não está em minhas mãos conseguir, é que apareça na minha vida alguém disposto a me entender e me aceitar como eu sou, porque estou cansada de ser compreensiva com quem está ao meu lado, tentar entender e aceitar seus defeitos e limitações, tentar ajudar, e quando preciso que faça o mesmo por mim eu recebo em troca uma bela "virada de costas". É isso, que seja um bom ano então, que eu continue conseguindo tudo o que venho buscando profissionalmente, e que eu finalmente encontre alguém que queria caminhar ao meu lado, que comigo não queira dividir nada, mas sim, multiplicar o que já somos e temos.



Um bom ano à todos.